Wednesday, September 29, 2010

Game over

Eu - Gosto de ti!
Ela - Obrigada, és muito querido :-)))


Ela - Não me deixaste dormir nada.
Eu - Podias ter-me dito para me ir embora...
Ela - Mas eu disse: pira-te!


Eu - Depois, manda notícias...
Ela - És um chato!

Monday, September 27, 2010

(gostei de te ver no outro dia)

Acordou na escuridão das persianas bem fechadas e ficou para ali, quieto, a especular se teria uma mensagem à sua espera. Queria. Por um lado, queria que ela lhe tivesse respondido. Em paralelo, alternativo, também pensava na facilidade de sofrer, naquele tempo, um desgosto de amor. De olhos semi-cerrados, ponderava, quase infantilmente, as possibilidades que aquela outra mensagem pouco subtil de há dois dias atrás, entre parêntesis, abria na sua nova vida. Um enorme buraco negro para se atirar de cabeça. Convidá-la-ia para uma bebida ao final da tarde. Deixar-se-ia encantar, sofregamente, pela profundidade daqueles olhos azuis. Jogaria o seu charme. Sabia, por aquele parêntesis, que o conseguiria se o quisesse. Sabia-o, pelo olhar dela que fixara no espelho retrovisor há não mais de uma semana atrás. Pensou na simplicidade da opção e, desta vez, sentiu-se mesmo fútil. Deixou-se adormecer novamente, aproveitando a manhã daquele feriado e a tranquilidade da cidade. Quando se levantou, abriu a persiana para um dia cinzento, incaracterístico do seu Junho, e correu para o telemóvel. A mensagem estava lá. Não dizia tudo o que ele desejava mas ainda assim sentiu-se confortável.

You used to have all the answers
And you, you still have them too
And we, we live half in the daytime
And we, we live half at night

Watch things on VCRs
With me and talk about big love
I think we’re superstars
You say you think we are the best thing
And you, you just know
You just do

I wanna find myself by the sea
In anothers company
By the sea
I wanna walk out to the pier
I’m gonna dive and have no fear
Cos you, you just know
You just do

Watch things on VCRs
With me and talk about big love
I think we’re superstars
You say you think we are the best thing
And you, you just know
You just do

A repetição

Sem saber, levou-me a percorrer o mesmo trajecto que fiz há uns meses atrás de mãos dadas com alguém especial. O miradouro arranjado, a calçada escorregadia e a passagem estreita em direcção ao sítio da cidade onde eu gostaria realmente de morar. Sem saber, quase repetiu aquela outra tarde de domingo que proporcionou aquele encontro fugaz, capaz de colocar a dúvida dentro de mim que, em última análise, fez com que tudo corresse mal. Não gosto de repetições, prefiro déjà vus.

Saturday, September 25, 2010

debaixo do chuveiro

Encontro-me comigo mesmo debaixo do chuveiro quando a tarde já vai longa. Parece-me que os dias de praia suave se esgotaram no último fim-de-semana. Não gostei deste verão que se acabou. Um destes dias meto-me num avião com destino ao hemisfério sul. Austrália ou Uruguai, ainda não decidi.

Thursday, September 23, 2010

O Panteão

Pôs o pêndulo em movimento e afastou-se, recuando com passos seguros. Fixou o olhar naquele ponto absolutamente parado no universo, apesar do movimento constante a cortar o ar impregnado de um cheiro passado. Lembrou-se de como gostava dos edifícios antigos, plenos de pedra, repletos de passos invisivelmente marcados nas lajes. Pensou na ideia insofismável das arquitecturas daqueles lugares únicos, dedicadamente construídos pelas grandes cidades do mundo. Deixou-se absorver pelas memórias da sua Deusa já distante mas ainda tão perfeita no seu pedestal. Percebeu o quanto queria e como desejava que a oscilação do pêndulo o levasse de volta ao “aqui e agora”, aos dias suaves de ternura que lhe marcavam a vida. Escreveu as palavras cheias do que sentia e dedicou-as a ti.

Monday, September 20, 2010

o óbvio ou o bom partido

Sabemos bem o que aí vem quando nos colocam a pergunta do tipo: “o que pensas, quando pensas em mim…?”. (deixam arrastar as reticências, antes do sentido de interrogação – na verdade trata-se de um interrogatório) Esperam de nós a resposta espontânea, simples e directa de quem dedicou horas a fio a pensar no assunto e tem resposta pronta… como se tal fosse possível!

Exemplos:

Ela1 - O que vês em mim?

Eu - Sabes, quando tu tinhas 24 anos e eu 30, jogávamos em campeonatos diferentes. Agora, já estamos no mesmo escalão e apetece-me descobrir-te. Temos tudo para nos fazermos felizes. Só preciso de algum tempo para voltar a juntar os pedacinhos do meu coração e depois vou estar pronto para ti.

Ela1 - Está bem, estamos quando quiseres…


Ela2 - Porque decidiste voltar a estar comigo?

Eu - Acho que te deixei por insegurança, estávamos tão distantes nos objectivos para a nossa relação que eu não podia continuar assim. Desta vez vai ser diferente, ainda estou na fase instável, mas quando me encontrar, vou conseguir decidir se isto vai ser a sério.

Ela2 - Não demores muito…


Na realidade, estamos perdidos… continuamos perdidos e doridos, sem a menor capacidade de tomar decisões. Vale-nos o sermos transparentes…

Game’s game

Ele tinha um ar de aristocrata que me fascinava quando eu era miúdo. A barba usada de quem já havia percorrido muito do mundo. Gostava particularmente quando me entretinha com as suas aventuras nas caçadas, deliciando-me com as imagens contadas das perseguições na savana africana, fazendo-me rir com as historietas e descrições dos serões passados à volta de uma fogueira, com as tendas no meio do mato expostas à simplicidade dos elementos. Eu gostava de o ouvir a imitar os sons da bicharada que lhe atormentavam o sono, naquelas noites sem enfeites. Um dia, quando eu era já um pouco mais crescido e ele há já muito abandonara o hábito da caça, tanto em África como no Alentejo, contou-me, em pormenor, a sensação mais estranha que experimentara, por várias vezes, quando apontava a espingarda a pequenos quadrúpedes, gazelas, impalas ou veados, e estes, apercebendo-se da sua presença, o olhavam nos olhos, fitando-o com tamanha profundidade que ele se arrependia sempre do que faria em seguida – a sensação de que aqueles pequenos seres lhe atingiam a alma, antes de ele lhes atingir a vida. E eu, lembro-me agora, fiquei muito triste a recordar os olhos chorosos do pequeno Bambi.

Friday, September 17, 2010

freaky

Já não te percebo. Já não te consigo ler as entrelinhas. É estranho. Não sei dizer se é bom ou mau. É estranho.

Thursday, September 16, 2010

treat your soul

This city is filled with tanned skins. September is gentle with performing bodies. And yet, virtuous souls are hard to come by. And as I read the words painted on the wall, I truthfully know my soul is mourning for yours. Reciprocally, I’m sure...


Tuesday, September 14, 2010

Num blog, dos mesmos bons, destes aqui ao lado

Num blog, dos mesmos bons, destes aqui ao lado, fala-se de “esquecer” com profundidade e sem filtros. Leio os comentários e constato que há por aí mais vidas adiadas, corações partidos, esperanças desenraizadas, almas que perderam a vontade, personalidades fortes que decidiram, e conseguiram, “cortar”. Há entrelinhas perdidas, vontades atónitas, desejos inacabados e sonhos por realizar. O amor não é cruel, nós, imperfeitos, é que o fazemos difícil.

Monday, September 13, 2010

gostar vs. arrebatar

Explicam-me com carinho e cautela que gostar assim, a sério, pode durar muito tempo. Meses? Pergunto eu. Anos! Respondem-me. E eu que sou um duro, não acredito mas fico a pensar no assunto. Dizem-me, com convicção afirmativa, que nestes casos o melhor mesmo é arrebatar, já que pouco mais há a perder. E eu que sou um estóico, digo que não, que se a felicidade depende de um grande gesto, é porque o amor não é sincero.

Gin & vodka

Foi muito bom voltar a falar com ela assim. Descontraídos e sem medo de deitar cá para fora as verdades do âmago da vida. Foi muito bom voltar a sentir-nos como éramos no passado, íntimos até à exaustão do coração. Somos tão diferentes e no entanto, conhecemo-nos, reconhecemo-nos, como ninguém, por dentro e por fora. Foi preciso voltar a sofrer um desgosto de amor intenso, para nos voltarmos a encontrar no nosso melhor. A comungar das razões que nos fazem tão próximos, das ideias e ideais que eu sei que são mesmo dela, e que ela sabe que são precisamente meus. Foi muito bom. Temos que repetir, de vez em quando.

Friday, September 10, 2010

O das promessas

O das promessas sabe bem que te quer. Sabe bem que gosta de ti, muito e em exclusivo. Sabe bem que um destes dias, não muito distante, te vai fazer feliz, seriamente feliz. Escreveu-o na areia, de propósito para ti, num dia cheio da vontade que sente agora, com as mãos grandes e ávidas de ti. Sabe, porque sabe, que um dia destes, próximo, te vai voltar a abraçar, daquela forma deslumbrante. No tempo que vos separa da sensação de mais um abraço, daqueles vossos, capaz de ser único entre as almas do universo, entre a vontade e a possibilidade, vai ter que recuperar a confiança perdida, a capacidade de te voltar a fazer sorrir. Não vai demorar.


Tuesday, September 7, 2010

desistir - pequeno rol de instruções para a (minha) vida

Nova palavra no vocabulário da minha vida.
Desistir não tem glória mas é mais difícil do que persistir. Desistir não tem charme mas é mais complicado do que resistir. Desistir pode confundir-se com “querer esquecer” mas não é a mesma coisa, desistir é cobardia e aplica-se quando não somos capazes de esquecer. Nestes últimos dias, fiz o exercício de rever a minha vida em fast-playback e não consegui encontrar um único episódio em que tivesse decidido desistir de algo que quisesse mesmo (eu era mesmo bom). Desta vez (é uma primeira vez, aprende-se sempre com estas) teve que ser, antes que o excesso de endorfinas me provocasse um enfarte do miocárdio. Preparei então um prontuário para acompanhar a nova palavra do vocabulário da minha vida:

1) Quando acordares a sonhar com o que não podes, levanta-te da cama e sai para correr – já diziam os outros, antigos, “mens sana in corpore sano”.

2) Junta numa lista 3 ou 4 defeitos que, mesmo não sendo verdadeiros, te façam resistir à vontade – com a mentira te convencerás.

3) Agarra-te com força a tudo aquilo que és, às pessoas brilhantes e especiais que foste conhecendo ao longo da vida, aos sítios esplendorosos por onde passaste – é mesmo para isso que o passado persiste na tua memória.

4) Em último caso, aceita que nada tem importância e que podemos estar a viver num átomo da unha do gigante – usar com cuidado, o efeito pode ser uma bomba atómica.

Não sei se aprender a desistir vai fazer de mim uma pessoa melhor, provavelmente não, mas se toda a gente o faz, porquê (para quê) ser diferente? Temos pena.

Monday, September 6, 2010

KaDee Strickland

Não sou muito de televisão mas, muito de vez em quando, dou por mim fascinado pela Katherine Dee Strickland. Um verdadeiro “figo”, para além de boa actriz.

Saturday, September 4, 2010

A frescura de Setembro

Gosto muito destas noites em que me encontro (reencontro) com amigos que não vejo tanto quanto devia, porque, com o tempo que vai passando, há novidades para contar e a ideia, subjacente, de nos conhecermos bem deixa a conversa flutuar entre o presente e as memórias do passado comum.
E gosto da sensação do movimento de volta à cidade em que se encontram peles morenas, acompanhadas de roupas frescas e descontraídas, junto ao rio, que fazem de Lisboa um sítio bastante perfeito para se viver.

Friday, September 3, 2010

Clutching at straws

Sentaram-se no sofá grande e encostaram-se bem atrás para ficarem confortáveis. Pediram bebidas frescas. Ela uma Margarita com muito sal e ele um Grey Goose apenas com gelo. Olharam-se nos olhos. Ele achou-a cansada e ela disse-lhe que o via triste. A música à distância não era só deles e oferecia-lhes sensações diferentes. Falaram das férias por uns minutos. Ela disse-lhe que gostava de o ver assim moreno, enquanto ele pensava que ela estava giraça. Afundaram-se então numa conversa profunda sobre o estado das suas almas. Discorreram sobre as vicissitudes das suas vidas e os apertos dos corações. Ao fim de meia-hora estavam cansados de sacudir as amarguras. Ele sentia-se aliviado e pensou que ela também. Agarrou-a pela mão e juntaram-se à multidão para um pezinho de dança.

Thursday, September 2, 2010

A maior prova de amor

A maior prova de amor que ele tinha para lhe dar, era sentir-se capaz de mudar coisas, pequenas e grandes, algumas mesmo grandes, que eram muito dele.
Da mesma forma que ela tinha sido capaz de arriscar abrir uma escova de dentes, novinha “em folha”, logo na primeira noite, para ele.