Thursday, April 28, 2005

the Board

“Gestores de topo portugueses estão entre os que recebem salários mais baixos na Europa…”
- rezava o dinheirodigital há uns dias atrás

Apesar de ainda curta, a minha carreirinha profissional tem-me dado oportunidade de ir contactando amiúde com alguns destes “gestores de topo portugueses”. Em alguns casos até os vi vir e ir mas quanto ao vencer…
Já conheci daqueles que se preocupavam com a demasiado bela vista que a grupeta dos consultores desfrutava do alto das “suas” torres envidraçadas. Dos que prolongavam eternamente as reuniões para vencerem pelo cansaço a oposição. E dos outros que se vingavam dos almoços solitários fazendo rolar cabeças. São, regra geral (ou pelo menos a partir da minha amostra), gente solitária e ao mesmo tempo muito sociável. Sempre demasiado distantes da realidade dos factos e conhecedores apenas da superfície supérflua dos temas e ainda assim com pretensões de tomarem as decisões estratégicas correctas – valha-lhes a boa intenção. Com eles aprendi, e pretendo não esquecer, que mais vale um bom líder do que um futurologista iluminado. Que as grandes ideias vêm sempre de baixo, em particular, das mentes não viciadas. Que em qualquer fórum há que agitar as águas para se ver o lodo de forma clara. E que nos exércitos nem sargentos nem tribunos podem “perder a face”. Como disse o velhinho Drucker: “O desafio do gestor é obter um total maior do que o somatório das suas partes” – paguem-lhes então por isso.


Monday, April 25, 2005

1974

Peguei em dois CDs da Rickie Lee Jones e saí de cada inspirado pela noite de lua quasi cheia num céu descoberto. Coloquei o “Pop Pop” no leitor e arranquei a caminho do cafezito com os amigos. Um pouco de conversa da treta e rumámos ao Estado Líquido. Praticamente vazio, parece que Lisboa se mudou para o Algarve. Sai um vodka limão e dois dedos de conversa fútil. Música demasiado alta e estômagos vazios, vamos ao pão-com-choriço. Mal cozido, sabe bem. Calçada do Combro. Empatados pelo carro do lixo. Apesar de haver pouca gente não tá fácil arranjar lugar para estacionar. Parque com ele. Largo do Carmo, festa comemorativa do 25. Ouve-se mais castelhano do que português. Apetece-me gritar “viva Salazar” só para provocar – e verificar se alguém decifra a língua de Camões. Não o faço, sou cobarde. Vamos lá ao Suave. Mais “pouca gente”. Whisky & Cola, para variar. Voltinha ao quarteirão, para ver se está mais animado. Nem por isso, muitos miúdos na Tasca do Xico e os gays do costume no Slide. De volta ao Suave. Isto não anima. Falta a conversa, vamos mas é para casa. Ainda há resquícios da comemoração no Carmo mas já não me apetece fazer a experiência. Conduzo ao som de “Spring Can Really Hang You Up the Most”, parece-me apropriado. Encontro a Maria no messenger e gosto da conversa – Lost in translation. Bom feriado. Espero que faça sol para ir comer umas amêijoas até uma praia qualquer.

Saturday, April 23, 2005

keep it simple

Um dia pensei tornar-me simples, desisti… tive medo de deixar de ser humano.
- by nídio amado



É bem verdade: progresso rima com complexo.

Pergunto-me muitas vezes o que faria um espécimen culto dos tempos actuais se recuasse uns séculos. Assim tipo, um engenheiro com um mínimo de conhecimento sobre os princípios do motor / máquina a vapor, teletransportado (ou será tempotransportado?) para a Idade Média. Arranjaria uma panela e alguma forma de a vedar – muito bem! Deixaria a água ferver até se transformar em vapor e depois tentaria canalizá-la para um pistão. Pistão? Mas que raio significa um “pistão” em plena Idade Média!? Como construir um pistão / êmbolo sem as técnicas de fundição que demoraram centenas de anos a aperfeiçoar?

Mais complexo? Electricidade. Vamos lá então tentar produzir (sem falar no dar uso a) energia eléctrica na época dos imperadores romanos. Pois é fácil, faz-se um papagaio de papiro, aguarda-se por uma bela tempestade de trovoada e lança-se o dito cujo preso com fio de arame. Fio de arame, no tempo dos romanos? D’oh! Como raio se faz um simples fio de arame levezinho!? Pelo menos não há choques para ninguém, valha-nos isso. (Excluo a hipótese de produzir energia eléctrica a partir de um moinho de vento ou de água porque um Dínamo é ainda mais complexo de arranjar)

Menos complexo? A Roda na pré-história. Pois, é só arranjar um pedacinho de pedra jeitoso e lascar a coisa durante uns meses largos – enquanto o companheiro do lado se dedica a desencantar alimento para o pretenso engenhocas – até se conseguir um fabuloso monociclo. Serve para quê, mesmo?

Ora se o bom do Leonardo da Vinci, ou outros génios anónimos, foram tempotransportados, devem ter sido cá uns frustrados.
Não passamos de uns simbióticos, inteiramente dependentes do supermercado da esquina e dos produtos made in China, quais formiguinhas alojadas num torrão de areia.


Thursday, April 21, 2005

Haagen-Dazs

Crescemos a comer gelados. No início dos tempos era o “Epá”, sabia a nata e trazia uma pastilha dura de trincar no fundo – adorava a mescla do corante-pastilha-cor-azul com o gelado derretido. Nos dias mais abafados comiam-se 2 e 3 daqueles gelados só de água e sabores de laranja ou ananás que custavam 2 escudos e quinhentos e consumiam a parca semanada. Na praia, deixava-se o belo do “SuperMax” meio derretido substituir o açúcar lambuzado das bolas de Berlim e ao final do dia atrevíamo-nos a experimentar as riscas garridas do belo do “Perna-de-Pau”. Aos fins-de-semana havia esporádicas visitas à Pindô, que era então a melhor geladaria de Lisboa. Isto antes de se comprovar que definitivamente não havia melhor do que o copinho de limão e chocolate do Santini em Cascais. Nas férias, o delírio passava pela visita nocturna às geladarias da marina de Vilamoura. E depois, por alturas da idade das parvoíces, apareceu o “Calippo” de que se guardavam religiosamente os últimos blocos de gelo, para derreterem, e se matar a sede no final. Na idade dos amores eternos eram as “Conchanatas” da Avenida da Igreja e o arrebatador Magnum cuja versão amêndoa esgotava demasiado depressa. E finalmente fomos invadidos pelos muito mais evoluídos Baskin&Robbin e pela Haagen-Dazs – o que eu não dava para morar mesmo por cima duma lojinha da Haagen-Dazs, para poder descer em cada noite e deleitar-me com um crepezinho Belgian Chocolate, topping de nata e amêndoas torradas regado com chocolate fudge. Seria feliz.

Tuesday, April 19, 2005

time is the unique real illusion

The objects that astronomers study have only been in existence for the past 5 billion years, a mere quarter to half of the age of the Universe.

Sunday, April 17, 2005

placebos

The human mind is quite astonishing. There are those times when you feel so absorbed by an idea or thought that everything else seems to pass you by and then, when you’re not ready at all for the unexpected, someone just comes your way and you forget all the worries and start afresh. Placebos are that great.

Saturday, April 16, 2005

black Swan

PR num barzinho catita da rua das janelas verdes - smells like teen spirit and Nivea body-milk!

Friday, April 15, 2005

Bom filme

The Interpreter. Mais do que pela beleza demasiado estereotipada da Nicole Kidman, em companhia da cara-tirem-me-deste-filme do Sean Penn, vale pela moral da cena final – ou porque os ditadores africanos perdem a inocência dos ideais Maio de 68 e se transformam em usurpadores da dignidade humana. Afinal de contas, tudo resulta da crueldade dos instintos animais que persistem no espírito do Homo Sapiens mesmo após alguns milhares de anos de destilação.

Wednesday, April 13, 2005

Gross National Happiness

Leio num número já antigo do Economist que no reino do Butão – encravado entre a Índia e o Tibete, à longitude do Bangladesh – o monarca castiço aplica o indicador da Gross National Happiness (GNH), por oposição ao GNP, para medir o grau de felicidade existencial dos seus súbditos. O conceito atrai-me.
Por estes dias em que se começa a sentir o cheiro da Primavera a chegar, quando as melhores horas do dia correm, ainda céleres, entre as 7 da tarde e as 9 da noite, período em que a brisa que vem do mar / rio invade lentamente o abafo do dia citadino, parece-me que talvez não ficássemos mal posicionados nas estatísticas GNH.


Tuesday, April 12, 2005

and I keep on counting sheep

“Love makes the world go round and I want it to spin like never before”
- by Rute

Well it kept on spinning, for you and for me. Happy birthday, my love. And blauen Blumen too.


Monday, April 11, 2005

Aftermath

Hate the stupid sensation when, after spending a fortnight working like hell, all too suddenly a vacuum appears in my schedule and there’s enough time left to read postponed email messages and to think about professional goals or expectations. Because then, you realize that maybe things aren’t going the way you desired and you’ve probably been wasting lifetime.
As every chemist or alcoholic knows, Quality dilutes when there are too many – must try to keep this in my mind.


Sunday, April 10, 2005

mais um Carneiro

Parabéns Pai, hoje fazes 61 e creio que tens sido feliz à tua maneira. Como qualquer progenitor fizeste do "barro" obra e como eu não mudava nada da minha personalidade, saíste-te bem. Obrigado.

Friday, April 8, 2005

Pareto Principle & Lavoisier Law

Dois princípios básicos para a compreensão da causa das coisas.

Vilfredo Pareto viveu no final do séc. XIX numa bela Itália em tons de ocre, acabadinha de ser unificada pelo bom do Guiseppe Garibaldi (Guiseppe é fabuloso, não é?).

Antoine Lavoisier divertiu-se à grande (e à francesa) a fazer experiências químicas na época de la Revolution Française.

Ora o bom do Vilfredo, filho de boas famílias (era marquês), depois de ter estudado umas matemáticas lá para as bandas de Torino e de se ter posto a analisar a produtividade da Itália rural, chegou à brilhante conclusão de que 80% da terra cultivável era propriedade de 20% da população mas no entanto 80% da produção agrícola provinha dos 20% que não estavam nas mãos dos tais 20%.
Confuso? Bem, esta é a explicação simplista da coisa, porque na realidade havia por aqui um pouco de crítica social aos lorpas da aristocracia que não faziam nenhum com os 80% das terras que possuíam (isto para não complicar ainda mais, porque às tantas o menino deu três piruetas e decidiu aplicar a teoria aos pobres dos italianos e serviu de ideólogo ao regime fascista que estava para vir).
Aplicação prática da teoria: significa que, por aproximação (ou mais correctamente aplicando a Distribuição de Pareto), 80% das receitas de uma empresa estão concentrados em 20% dos produtos que produz ou vende.
Outra: 20% dos colaboradores de uma organização fazem 80% do trabalho da mesma. Nice to know it, hem?
Eu pessoalmente aplico-a aos investimentos: 20% do capital em aplicações de risco à espera que gerem 80% dos rendimentos (never happened, D’oh!).

De volta ao Antoine, enquanto observava as cabecinhas a rolarem na guilhotina (final também aplicado à sua bela melena) formulou a seguinte teoria: “no Universo, nada se perde nada se forma, tudo se transforma”. Belo, simples e acima de tudo verdadeiro. Em termos menos simplistas, corresponde à lei do equilíbrio químico ou da conservação da massa.
Aplicação prática (subvertida para fazer rimar Lavoisier com Pareto):
1) A empresa duraria pouco se deixasse de produzir os 80% menos rentáveis;
2) A organização não sobreviveria apenas com os 20% mais produtivos;
3) Para eu ganhar algum com os 20% do capital de risco, alguém tem que perder o seu.

It’s a beautiful World!


Tattoos

Esta noite fui ao teatro. A peça era divertida com umas actrizes engraçaditas da nossa praça, entretidas a mostrarem as barriguitas, eis senão quando descortino uma piquena tatuagem pregada a escassos 5 cm. do umbigo da giraça de serviço.
Não consigo entender porque cada vez mais gente adere à tattoo – em particular as miúdas. Faz-me confusão como alguém decide “imprimir” na própria pele um qualquer símbolo, quiçá carregado de significado momentâneo e no entanto consciente de que se trata de uma marca para todo o sempre. Dizem que é uma forma de expressão. Parece-me primitiva e recorda-me sempre um filme qualquer em que a protagonista gravava, à custa de pigmento, “John” numa nádega, para afirmar a sua convicção de amor eterno e por causa disso não conseguia assentar com nenhum dos amores seguintes até ter a sorte de conseguir adaptar a coisa para “Johnatan”.


Wednesday, April 6, 2005

Clientes e Fregueses…

Na antiga Roma um Cliente era alguém que dependia da protecção de um Patrício. Tratava-se, muitas vezes, de um escravo livre que não possuindo o estatuto de cidadão, recorria à boa vontade do patrono para ascender socialmente ou simplesmente sobreviver, pagando um tributo quer em espécie quer através da prestação de serviços – um arranjinho em muito parecido ao do mundo da Máfia. Vá-se lá saber porque razão, ao longo dos tempos a palavra assumiu lentamente novo significado e com a maturidade do Capitalismo o Cliente tornou-se rei. No belo mundo da consultoria, durante os primeiros 100 anos, também existiram “Clients” que, subitamente, por volta dos idos de 90, se transformaram em “Customers”. A diferença? Basicamente, as duas palavras são sinónimas mas em termos práticos o Cliente-rei, que aceitava tudo o que lhe enfiavam pela tripa, ganhou inteligência e passou a querer produtos e serviços à medida. Libertou-se, desta forma, da protecção benévola e desatou a exigir o impossível. Como nestes tempos sagrados o impossível é palavra proibida, o bom do consultor adaptou-se, para sobreviver, e aprendeu a fazer das tripas coração uma rotina. Pelo caminho perdeu-se, está-se mesmo a ver, a inocência e consequentemente a qualidade. Nós por cá temos ainda um sinónimo mais perigoso que é o Freguês (por esta pago direitos de autor ao PJ). Ora o freguês está, para mim, definitivamente associado aquela imagem do velhote encostado ao balcão da taberna a debitar conversa sem nexo, enquanto pede mais um copo de tinto ou uma nova sandes de couratos, para no final pagar a fiado. Pois o freguês abunda por estas paragens e lentamente faz-nos retroceder ao estado característico do Portugal do século XIX. Existirá maneira de nos vermos livres deles?

Monday, April 4, 2005

parabéns princesa

Muitos parabéns Silvia!

Sunday, April 3, 2005

Sleep well my “friend”

I’m quite sure this is the theme of the day in the blogsphere. Anyway, my “friend” Karol is dead – as a 7 or 8 year old kid, I was kissed in my forehead by the Man in white. Since there are a couple of scientists – the most trustworthy class on Earth – who say that J.C. died on the 3rd of April of 33 A.D. – date determined because the moon went red on that long gone day (a moon eclipse tends to filter all light outside the red spectrum) – I was fearing that the ever-adapting Vatican could be trying to postpone the announcement for some hours! Anyway, religion scares me and I’ll get back to this subject some day – right now I’m to sleepy to get on with it.

Sleep well my “friend”.

Friday, April 1, 2005

bring back the bicycles!

Beijing traffic jams get worse by the day as ever more people own cars. So impatient and unskilled are most drivers that a typical visitor will witness several collisions a day...

just browsing... beautiful photos

Tabacaria