Monday, July 30, 2012

Boteco de comparações

Surpreendido com a acumulação de garrafas sobre a mesa, a deitar um olho à transmissão dos Olímpicos e alheio à conversa, senti saudades da companhia da grupeta de gente multicultural e multifacetada. O Indiano de 50 anos que tinha deixado a marinha para fazer o MBA, divorciado e com duas filhas ainda pequenas de quem insistia em mostrar as fotos, era super boa gente. A Birmanesa do inglês sofrível era proprietária de um dos maiores negócios de exportação de madeira no Myanmar. O Indonésio de ar tresloucado era marketeer formado na Holanda e fumava cigarros de odor adocicado. O meteorologista Tailandês que pela forma como adormecia nas aulas devia sonhar muito com o tempo. O Escocês inventor, dono de uma patente que não lembraria a ninguém e que se enfrascava à séria nas saídas nocturnas. O Espanhol, companheiro e perdido na vida amorosa. O grupo das forças armadas de Singapura, sempre atentos, curiosos e muito inteligentes. O Americano que projectava motos para a neve no Minnesota. A Alemã do olhar esquisito que contribuíra para a invenção do .mp3. O Sul-Coreano antipático, viciado no golf e vice-presidente de um “chaebol” que factura tanto quanto o PIB português. O Paquistanês que trabalhava na fábrica de embalagens no Sri Lanka. O Japonês responsável pelo desenvolvimento de produtos da Nestlé na Ásia-Pacífico. O Mexicano sempre pronto para as maluqueiras. E eu ali metido no meio de toda aquela gente mais ou menos brilhante.

Friday, July 20, 2012

Último dia de frio

Último dia de frio. Esdrúxulo, é como te sentes enquanto conduzes a carripana familiar pela Marginal do lado de lá. Sete, são as faixas de rodagem e tens que escolher a 3 ou a 4 para apontares à ponte certa. Concentrado, não chegas ao botão do quente no ar condicionado. Sem importância, porque estás quase a chegar à espécie de casa. Rio, foi o índice que te ficou da conversa ao jantar. Básico, não passas do mesmo. Boa noite, é o que desejas ao cara simpática que encontras na jaula. Frio, é o que te trespassa pela janela aberta. Espreguiçadeira, o desejo se o tempo fosse o certo. Resistente, o jasmim que aguarda pelo sol. Sonhar, porque se pode viver sem vírgulas.


Sunday, July 15, 2012

Advertencia de contenido

Ela - Eu não te faço bem…
Ele - Lo comprendo y deseo continuar!


Griso suavemente febril

Gozas o privilégio de pelo menos três sonhos com a temperatura certa, quando lá fora o frio se sente nos ossos. Um parece um filme de acção, outro mete pinguins e o terceiro é perfeito e colorido. Nos intervalos permaneces quieto, tão imóvel quanto podes. Respiras fundo, tão profundo quanto sabes. O oposto de ti, ficares assim parado. Estás febril e cheio de larica. Levantas-te para comer algo bom.

Thursday, July 12, 2012

O estado enigmático da situação

Repete-me a questão e deixa-me a pensar na vida… Novecentos e vinte e seis dias desde o achamento… Parece muito pouco em treze mil e novecentas e treze voltinhas no carrossel pequeno. Desde aí entrou-me pela minha vida adentro. Firmou-se como só as estrelas sabem. Já se quis esconder em céus de nuvens densas mas todos estes dias acendeu-me por dentro como um Sol de cabelos loiros espraiados, daqueles que só os miúdos pintam. Não percebe o que eu sinto sem lunetas, a partir das minhas auréolas perfeitas. Devia saber melhor, sem pintas mas com risquinhas.

Sunday, July 8, 2012

Dos diálogos repletos de amor (coração lamechas)

- Um dia destes apanhamos o novo voo para Bamako? Gostava de ir a Timbuktu, acho que se chega lá de barco.
- O Mali é um país sem mar, muito pobre. Vou lá contigo se fores comigo à Índia :-D