Tuesday, November 29, 2011

Do amor sem outros demónios

Quem me conhece sabe que não acredito na espécie de amor feita de sofrimento. Para mim, amar é uma coisa boa, um sentimento nobre capaz de nos transformar para expormos o melhor que temos dentro de nós. Implica sermos verdadeiros, revelarmos e sermos capazes de ser nós próprios, sinceros e sem máscaras. Este tipo de amor não se deita fora, deita-se cá para fora, sob a forma de palavras, de carinho e de demonstrações únicas do que sentimos em exclusivo pela outra pessoa. Não há lugar para silêncios, excepto os cúmplices que assumem um formato de conforto só possível quando se alcança o último grau de intimidade. Não há questões e as dúvidas dissipam-se com uma troca de olhares. Não há lugar para o ciúme, porque o passado fez a sua parte, as possibilidades presentes são apenas paisagem e o futuro é o que queremos para nós. Para mim, o amor assume-se com o toque perfeito das mãos dadas, as ideias partilhadas e a forma como acordamos a sonhar com aquela pessoa. Já me disseram que sou um romântico, como se tivessem encontrado um lunático, mas não me importa porque afinal fui capaz de chegar até aqui, onde a vida nos proporciona um significado. 

 (pequena traição ao C&H)
 

Tuesday, November 22, 2011

Ali’s here - Farka Toure

Afinal, o sentimento do animal era provocado pelo febrão que vinha aí. Gosto de quando a temperatura do meu corpo sobe acima dos 39 graus, porque vem aí inspiração. Gosto da alucinação provocada pelo excesso de calor sentido. Não se dorme bem mas sonha-se melhor. Passei na farmácia, que por aqui se chama, primitivamente, drogaria, e comprei umas drogas daquelas que dão cabo do fígado. “Tirei a tarde” e estendi-me na espreguiçadeira que hesitava entre o sol e o início da chuva que começou a cair com convicção por volta das 6. Deixei o calor subir-me por dentro até ter a certeza de que tinha atingido os desejados 39 graus. Deixei-me ficar quieto com os headphones enfiados nas orelhas para não ouvir (muito) os helicópteros. Senti-me a respirar, que é uma percepção maravilhosa e muito própria do mamífero. Entreabri os olhos para ver a trovoada e meio-atordoado deixei-me dormitar. Preciso, e estou capaz, de umas 18 horas de sono. Vou emborcar um comprimido.

A imagem roubada, a imaginação esgotada e o azeite derramado


Cenas do quotidiano… Este rinoceronte deliciosamente equilibrado contra as nuvens pareço eu a recuperar depois de ter “conseguido partir” meio-litro de azeite – Andorinha, do bom, importado, de Portugal, e caro (lição para a vida, compra tudo em recipientes de plástico). Depois pus-me a “quatro patas” a limpar o líquido derramado, numa alegoria de catástrofe natural, como quem salva pinguins de uma maré negra. Desastrado, cortei a mão direita umas três vezes, pingando o sangue precioso sobre o suco de azeitona, e ainda por cima feito quadrúpede chupei um dedo ferido e devo ter engolido um pedaço de vidro. Amanhã, ainda acordo com uma hemorragia interna e nem sei para que me dei ao trabalho de lavar o chão da cozinha… Há uns tempos atrás, aqui ao lado havia um blog divertido e meio alucinado que me fazia rir cada vez que o visitava. Este está prestes a tornar-se um blog non-sense, como quase tudo na vida.

Sunday, November 20, 2011

O casamento exasperante

Noite de 17ºC e ainda assim as indígenas semi-despidas e absurdamente pintadas. Olhos casados perdidos nas curvas sob o olhar controlador das respectivas, e eu a rir-me pelas figuras tristes que a “instituição” consegue assumir. Música pimba em dois idiomas.
Já fui a casamentos bem giros e divertidos, este não foi um deles. Quando ouvi o helicóptero que transportaria os recém-casados dali para fora, pormenor foleiro numa noite sem trânsito, apeteceu-me ser este rinoceronte:


Saturday, November 19, 2011

Tempo... nem de propósito (“In Time”)

Nem de propósito, chego a casa saturado e ponho-me a ver este filme que me prende, “In time”.
Os personagens têm 1 ano de vida e a moeda de troca, para tudo, é o tempo. Trocam o tempo que lhes resta, inscrito e avisado nos pulsos por tudo aquilo que lhes faz falta, uma viagem num táxi, 1 minuto por uma chamada telefónica numa cabine pública (quem se lembra disso, antes do advento dos “celulares”), poker jogado a tempo de vida.
E há um tipo, que saturado de viver do tempo que foi ganhando de outras vidas dá 100 anos de vida ao Justin Timberlake, antes de pôr fim à vida. E este dá 10 anos de vida ao seu amigo da vida. Música de Nouvelle Vague, um carro desportivo por 59 anos de vida e um mergulho salgado por um beijo cuidadoso. E ela decide dar-lhe tempo, para o resto de vida.

Visto antes do tempo, recomenda-se pelo conceito mesmo se óbvio.
 

Friday, November 18, 2011

Fazer horas

Fazer horas é a antítese do que sou. Não gosto de esperar, não gosto de esperar que o tempo passe. O tempo é a variável que não conseguimos dominar e é sempre curto para o que queremos fazer. Do lado de lá os jantares marcam-se tarde porque é moda, do lado de cá porque há sempre trânsito e toda a gente vai chegar atrasada. Não gosto da variável.