Friday, September 23, 2005

chip

Gosto do conceito das “grandes ideias” que mudam o mundo. Das coisas simples que, sem darmos por elas, transformam a Vida. Dos objectos que inicialmente são novidade e lentamente se tornam banais, acessíveis e se massificam. Não sou fã de gadgets – tenho até alguma aversão aos ditos – mas reconheço o contributo dos “gecos” – geeks, entendidos como aqueles cromos que aderem sempre à 1ª vaga de tudo o que é novidade – para a democratização da espécie humana. Em jeito de exemplo, os tipos que na década de 80 ficaram corcundas por causa dos telemóveis-tijolo de 1ª geração, na década de 90 ceguetas por causa dos laptops de ecrã reduzido e nesta década alienados por causa dos iPod. Presto-lhes tributo por terem sido cobaias, arriscando a possibilidade do tumor cerebral, a córnea deslocada ou o tímpano martirizado, para que hoje muita gente tenha acesso a estes objectos semi-úteis. E também considero justo que as mentes visionárias que engendraram tais ideias, nadem em rios de dinheiro, até porque foram capazes de acrescentar blocos novos às cadeias de valor, criar complexidade e assegurar subsistências. Isto é fácil de entender se vos disser que dos 58 milhões de italianos, cerca de 500.000 contribuem directamente para que os 58 milhões de “telefoninos” estejam operacionais, o que se traduz em assegurar não só as comunicações móveis dos ditos 58 milhões mas também os futuros dos seus agregados familiares – por estimativa, 1 milhão de alminhas a irem aos “coleggios”, a acelerarem “piaggios” e a comerem “pastas-divella-la-massa-bela”. Pessoalmente, sou um bocadinho céptico em relação a toda esta evolução, que certamente poria a cabecinha do Darwin a andar à roda, e prefiro as 2ªs / 3ªs vagas – consegui resistir ao “telefonino” até 2000. Mas há-de estar por aí a rebentar o “invento do século” para o qual eu me candidato, desde já, a rato-de-laboratório: invente-se o bloco de notas mental, o chip registador de acoplagem cerebral, e lá estarei eu na 1ª fila para o comprar. Porque sinto que todos os dias me escapam pelo menos 10 ideias diferenciais, 3 temas para reflectir e meia-dúzia de imagens únicas a relembrar. E cada vez que tomo consciência disto mesmo, penso no desperdício de neurónios DNA registado que deixaram de existir sem proveito nenhum. Em conclusão: vou voltar à fosfoglutina.

2 comments:

Cris said...

hummmm...começo a ficar viciada no teu blog...parabens

Ricardo said...

we aim to please!