Respiro fundo. Um jantar com os “sobrinhos” chegados da
Disneylândia deixa-me exausto. Entretenho o mais bebé com tomates cherry
escolhidos da salada, depois das colheres de sopa aliciadas pelo coelho de
chocolate que vai ganhar e desfazer em seguida. O puto é um lambão numa idade
gira que se diverte comigo só pela ameaça de cócegas, mesmo se não lhe chego a
tocar com os dedos na barriguita, enquanto me mostra os dentes de leite cheios
de chocolate. O mais velho que me reconhece mesmo se não me vê muito,
entretém-se a fazer-me perguntas sobre ciência, acentuando-me o efeito do
cérebro espremido. Tenho jeito para crianças, pelo menos para os filhos dos
outros.
Respiro fundo mais uma vez e faço um esforço. Deixo os
amigos que estão por Lisboa virem-me buscar para os copos. Acabamos num bar
meio-vazio que era um dos spots há uma década atrás. Recordamos essa época,
entrecortamos com os temas do momento e retomamos conversas que ficaram
penduradas há uns meses atrás. Dou por mim em pensamentos paralelos, enquanto
mantenho a conversa animada. Interpreto as perspectivas de quem vive por cá e
imagino o rumo diferente do que seria a minha vida nas circunstâncias de
Lisboa. Em apenas dois anos a minha vida mudou radicalmente. Há dez anos eu
seria incapaz de imaginar o meu presente e como o realmente importante
assumiria o lugar que tem hoje.
Chego a casa a sentir-me profundo e com vontade de
planear o futuro. Empanturro-me com amêndoas de chocolate e deito-me com uma
dor de barriga.
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