Em cada verão quando o calor se sobrepunha ao aconchego dos lençóis a cobrir aquele corpo, ele despertava com a luz do sol e ficava muito quieto a observá-la adormecida, descoberta para a temperatura ambiente. Fixava-lhe todas as linhas, as curvas das costas de design exclusivo, os seios em repouso, o cabelo apanhado mas rebelde, os traços do rosto bonito, os lábios entreabertos em convite e os olhos fechados pelas pestanas concentradas, até estes se abrirem para um “Bom dia”. Então, caminhava pelas pedreiras daquela região encontrando o mais magnífico bloco de pedra que esculpia com lentidão ao longo das tardes que durava o verão. Desenhava cuidadosamente sobre a substância dura as linhas que memorizara em cada manhã, sem sentir os calos que o cinzel lhe provocava nas mãos. Fez assim muitas obras maravilhosas, mais perfeitas de ano para ano que plantava num campo aberto que os elementos e o tempo pareciam não perturbar.
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