Surpreendido com a
acumulação de garrafas sobre a mesa, a deitar um olho à transmissão dos
Olímpicos e alheio à conversa, senti saudades da companhia da grupeta de gente
multicultural e multifacetada. O Indiano de 50 anos que tinha deixado a marinha
para fazer o MBA, divorciado e com duas filhas ainda pequenas de quem insistia
em mostrar as fotos, era super boa gente. A Birmanesa do inglês sofrível era
proprietária de um dos maiores negócios de exportação de madeira no Myanmar. O
Indonésio de ar tresloucado era marketeer formado na Holanda e fumava cigarros
de odor adocicado. O meteorologista Tailandês que pela forma como adormecia nas
aulas devia sonhar muito com o tempo. O Escocês inventor, dono de uma patente
que não lembraria a ninguém e que se enfrascava à séria nas saídas nocturnas. O
Espanhol, companheiro e perdido na vida amorosa. O grupo das forças armadas de
Singapura, sempre atentos, curiosos e muito inteligentes. O Americano que
projectava motos para a neve no Minnesota. A Alemã do olhar esquisito que
contribuíra para a invenção do .mp3. O Sul-Coreano antipático, viciado no golf
e vice-presidente de um “chaebol” que factura tanto quanto o PIB português. O
Paquistanês que trabalhava na fábrica de embalagens no Sri Lanka. O Japonês
responsável pelo desenvolvimento de produtos da Nestlé na Ásia-Pacífico. O
Mexicano sempre pronto para as maluqueiras. E eu ali metido no meio de toda
aquela gente mais ou menos brilhante.
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