Tuesday, June 29, 2010

Férias e um placebo

Ele nem gostava nada do Saramago, mas desde que o senhor falecera tudo na vida lhe parecia correr pelo pior. Tinha lido “A Jangada de Pedra” ainda novo, e gostara do conceito da separação da península do resto do continente. Recordava-se que o grupo perseguia pássaros pela meseta ibérica e que a páginas tantas já não podia mais com a descrição ornitológica. Ainda assim, fora capaz de terminar o livro. Alguns anos mais tarde, experimentara o “Memorial do Convento” mas aí, mais maduro, já utilizava a técnica de abandonar os romances que o não seduziam ao terço do volume. Sentia-se exausto de Lisboa onde o verão, de praia à séria, parecia não querer chegar. Ansiava por férias e um placebo. Mas tinha a agenda preenchida de trabalho por Julho dentro, e os níveis de confiança subitamente em baixo demais para a arte da sedução. Na realidade não queria nada um placebo, queria era amar a sério. Dava-se conta de que nas últimas saídas nocturnas bebia demais, e que passava os dias seguintes a ressacar sem qualidade de vida. Entendia agora o conceito de “mastigar” o, ou a, vodka que preferia diluído com dois terços de água tónica. Compreendia agora que a dificuldade de uma relação está na proporção certa do amar e do ser amado e que não faz sentido nenhum um sentir-se apaixonado, se o outro não está para aí virado, como quem não passa do terço do romance.


8 comments:

Cidália Oliveira said...

oh oh ... não faz sentido, mas a questão é não sermos capazes de desligar :/

Maria Fonseca said...

Se eu conhecesse o protagonista da história, dir-lhe-ia que deve dar mais uma oportunidade ao Saramago. Se eu o conhecesse o protagonista da história, dir-lhe-ia que deve correr a libertar-se para poder voltar rapidamente a apaixonar-se.

M. said...

Calma. Não sei dizer se passa, dantes achava que tudo passava com o tempo, neste momento também já não sei, já me custa acreditar. Por isso só nos resta manter a calma.

Maria said...

" e os níveis de confiança subitamente em baixo demais para a arte da sedução."


Sem comentários. As coisas que passam pela cabeça das pessoas quando o coração não está no lugar certo.

Ricardo said...

@ll, that's not me, it's just fiction!

Maria de Bruges, não percebi!?

Maria said...

Ricardo

não raras vezes quando os níveis de confiança não são os melhores, tal significa que o coração bate ao contrário e consequentemente a cabeça pensa coisas que não deve, como por ex. estou demasiado em baixo para a arte da sedução.

:)

Cidália Oliveira said...

pois, estamos a ver :)
nós "all" vamos fingir que acreditamos nisso, sim?!? ;)

Anonymous said...

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