Há poucas coisas que me arreliam na vida – eu não sou de me zangar. A inércia é uma delas. Para mim, inércia não é bem a mesma coisa que preguiça, apesar do que diz o Priberam. Preguiça tem aquele sentido do tempo gozado, bem passado do “dolce fare niente”, positivo e prazenteiro. Isso, eu suporto – até sou capaz de gostar. O que não suporto são pessoas inertes, sem vontade de se mexerem, incapazes de decidir – como se tivessem os neurónios presos num baraço –, para quem o fácil é deixarem-se arrastar – que também não é bem a mesma coisa que deixar-se levar. Dou-lhes o desconto todo – sou bom nisto – a conjuntura, as preocupações terrenas, o cansaço acumulado, o frio da noite… o que quiserem, mas não me deixem a falar sozinho. É que tenho mais o que fazer, onde ir e com quem estar. Não “tirei” a noite para os aturar, assim.
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