Tudo parece diferente com o
passar do tempo. Reconhece-se a cidade de que gostamos, reconhecem-se os
pormenores encantadores mas as dimensões parecem diferentes. É uma sensação
estranha quando chegamos ao presente, passado tanto tempo fora. As coisas e os sítios
permaneceram nos seus lugares mas as visões que nos oferecem são distintas. Não
sei se foi assim que o “tio Alberto” percebeu o significado da relatividade mas
lembra-me a sensação do reconhecimento acelerado quando chegava a Lisboa depois
das férias de verão prolongadas, passadas entre a praia e o norte. Como que a
querer completar o reconhecimento, passo horas a tentar arrumar objectos que
marcam a minha vida. Passei muito tempo fora de casa ao longo do último ano e
foi bom. Já não tenho mais espaço para os livros e percebo que tenho muitos
marcados a meio, em leituras deixadas para trás – gostaria de os completar, mas
falta-me o tempo. Quando a noite começa a vencer o dia – cedo demais para o que
estou habituado – oferecem-me chá que já não provava há quase um ano. Adensa-me
as memórias, mesmo das últimas vezes maravilhosas em Lisboa, e acalma-me as
perspectivas, como um remédio que me faz desvanecer o cansaço.
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