Monday, December 12, 2011

O ego (quase) déspota

Obriguei-o a girar o volante para encostar a carripana à faixa da esquerda e conduzir em modo automático. Consegui que desligasse o modo sentimentalão enquanto repetia os quilómetros do aeroporto até casa. Consegui que desligasse o ouvir do GPS que por três vezes o tentou assassinar com instruções “make a sharp right” que o levariam a entrar em sentido contrário ao trânsito. Consegui que desligasse a curiosidade que o faria consultar o blackberry a piscar para acabar enfaixado no carro da frente. Sabia que aquele caminho seria inútil se o deixasse pensar sobre as questões importantes e consegui que se concentrasse em pensamentos fúteis para se distrair. Divagou sobre a criticidade das massas críticas, concentrando os pensamentos na diferença entre viver numa cidade de 10 milhões de habitantes ou numa de escala de 20 para 1. Não chegou a lado nenhum, mas pelo menos chegou bem a casa, dele. Consegui que vestisse os calções para um mergulho fora de horas na piscina aquecida. Tentei que se libertasse com a sensação do cloro nos olhos, mas o maldito libertou-se do meu poder singelo e acabou as braçadas a sorrir e a especular sobre o futuro, bom. Estou tão tramado com este que me calhou!


No comments: