Obriguei-o a girar o
volante para encostar a carripana à faixa da esquerda e conduzir em modo
automático. Consegui que desligasse o modo sentimentalão enquanto repetia os
quilómetros do aeroporto até casa. Consegui que desligasse o ouvir do GPS que
por três vezes o tentou assassinar com instruções “make a sharp right” que o
levariam a entrar em sentido contrário ao trânsito. Consegui que desligasse a curiosidade
que o faria consultar o blackberry a piscar para acabar enfaixado no carro da
frente. Sabia que aquele caminho seria inútil se o deixasse pensar sobre as
questões importantes e consegui que se concentrasse em pensamentos fúteis para
se distrair. Divagou sobre a criticidade das massas críticas, concentrando os
pensamentos na diferença entre viver numa cidade de 10 milhões de habitantes ou
numa de escala de 20 para 1. Não chegou a lado nenhum, mas pelo menos chegou
bem a casa, dele. Consegui que vestisse os calções para um mergulho fora de
horas na piscina aquecida. Tentei que se libertasse com a sensação do cloro nos
olhos, mas o maldito libertou-se do meu poder singelo e acabou as braçadas a
sorrir e a especular sobre o futuro, bom. Estou tão tramado com este que me
calhou!
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