Wednesday, October 26, 2005
Tuesday, October 18, 2005
lugar místico
“Nas noites de Verão levava-me ao alto de uma árida colina para observar o céu. Fatigado de contar meteoros, eu adormecia num rego do solo. Ele ficava sentado, de cabeça erguida, rondando imperceptivelmente com os astros. Deve ter conhecido os sistemas de Filolau e de Hiparco e o de Aristarco de Samos, que eu preferi mais tarde, mas estas especulações já o não interessavam. Os astros eram para ele pontos inflamados, objectos como as pedras, e os lentos insectos de que ele tirava igualmente presságios, partes constituintes de um universo mágico que compreendia também as volições dos deuses, a influência dos demónios e o destino dos homens.”
Existe às portas de Sevilha um lugar místico. As ruínas romanas de Itálica, a terra natal de Adriano que Crayencour refere na passagem acima. Visitei-as em pequeno, num dia solarengo que me ficou na memória, e de cada vez que por ali passo, a caminho ou vindo da Sierra Morena, assola-me a vontade de perscrutar as estrelas e contemplar os astros.
Existe às portas de Sevilha um lugar místico. As ruínas romanas de Itálica, a terra natal de Adriano que Crayencour refere na passagem acima. Visitei-as em pequeno, num dia solarengo que me ficou na memória, e de cada vez que por ali passo, a caminho ou vindo da Sierra Morena, assola-me a vontade de perscrutar as estrelas e contemplar os astros.
Friday, October 7, 2005
O eclipse do regime
Ao longo dos últimos 2 anos tenho tentado abstrair-me o mais possível dos factos políticos de Portugal. Do governo ou desgoverno deste país. Assumi com rigor uma postura absentista. Deixei de queimar neurónios com a leitura supérflua dos pasquins nacionais. Ignorei ao máximo as bujardas da classe jornalística que contribui lentamente para o devorar da nação lusa. Saciei as minhas necessidades de realidade presente à custa da Economist e afins. Sentia-me bem com a desintoxicação. Com a perspectiva mais global da sociedade humana. E de repente, há coisa de um mês, surgiu-me um dilema: em quem votar nas próximas autárquicas. Considerando que estas acabam por ser as eleições mais próximas do meu quotidiano, queria conseguir escolher bem o próximo presidente da CML. Voltei a estar atento aos telejornais de qualidade duvidosa que passam nas nossas “tevês” e a tentar apanhar qualquer coisita de jeito sobre o assunto nas páginas deturpadas dos nossos jornais. Comecei por descobrir que não havia muita gente preocupada com o assunto. O tema do momento era, e ainda é, as presidenciais do próximo ano. Estava tudo mais concentrado no desfazer do tabu do hipotético candidato X, nas deambulações senis do candidato Y e nos lirismos do vai-não-vai candidato Z. Como se a prima-dona que vai habitar o palácio de Belém contribuísse de alguma forma para a felicidade comunal do Português normal. Depois, revelou-se-me muito mais importante analisar ao milímetro os passos, actividades e palavras inflamadas dos quatro caciques, candidatos independentes a câmaras de terceira linha, que estiveram envolvidos em coisas “tão escandalosas” como umas férias, à revelia da justiça, no Brasil, a oferta de frigoríficos a eleitores e a participação obscura nas negociatas do futebol nacional, o desvio de fundos para a conta bancária do primo taxista na Suiça ou a participação num qualquer reality-show do momento. Tudo temas suculentos para os energúmenos do 4º poder e respectivos leitores ou telespectadores, está bem de ver. Finalmente, a uma semana da data chave descobri uma pobre matriz de perguntas mal-engendradas aos cinco estarolas em quem posso por a cruzinha. Suficiente, pensei eu, para este pobre cidadão lisboeta fundamentar uma decisão sobre a matéria em apreço. E, veja-se bem, eu que sou um rapazinho “às direitas” estava convencido que tinha conseguido discernir o “menos mau” no espectro diametralmente oposto às minhas convicções. Eis senão quando, por causa das reticências e renitências, decidi assistir ao último debate entre os ditos candidatos. Resultado: vou votar em branco. O que se vai tornando um hábito nada feliz. E espero que muitos façam como eu porque esta tristeza de nem sequer se conseguir escolher o “menos mau” tem que acabar ou então acabe-se com este regime caduco. Porque mais vale ter a inteligência de compreender que algo vai mal, que não estamos preparados para esta forma de governo e que se calhar basta “puxar a rolha” do Alqueva para ver se nos afundamos definitivamente no Atlântico.
De borla, aqui ficam algumas ideias de um consultor altruísta para quem se quiser candidatar daqui a quatro anos:
1) Portagens à entrada da cidade – para equilibrar as vantagens de viver em Lisboa, já que não conseguem fazer as continhas à gasolina e tempo desperdiçado no vai-e-vem diário;
2) Habitação desabitada durante mais que X tempo é para quem a reabilitar;
3) Prédio com 5 ou mais andares: os dois primeiros obrigatoriamente para serviços e os outros compulsivamente para habitação – ou proporcional;
4) Buraco aberto na rua: obrigação de repavimentar a rua inteira;
5) Viatura mal estacionada ou em 2ª fila: fotografia com o telemóvel e repartição do valor da multa com o delator;
6) Jardinzinho de bairro: regador e ancinho a cargo do residente nas tardes de fim-de-semana;
7) Pombo morto e entregue nos serviços municipais: bilhetinho de metro como recompensa;
8) Arrumador ganzado ou pedinte errante: fardinha da EMEL ou vassourinha de palha, i.e., funcionário municipal encartado;
9) Motinha de escape aberto em circulação: uma semana de carrinho-aspirador ou cortador de relva na mão;
10) Lar de idosos e creches municipais debaixo do mesmo tecto – uns tomarão conta dos outros.
1) Portagens à entrada da cidade – para equilibrar as vantagens de viver em Lisboa, já que não conseguem fazer as continhas à gasolina e tempo desperdiçado no vai-e-vem diário;
2) Habitação desabitada durante mais que X tempo é para quem a reabilitar;
3) Prédio com 5 ou mais andares: os dois primeiros obrigatoriamente para serviços e os outros compulsivamente para habitação – ou proporcional;
4) Buraco aberto na rua: obrigação de repavimentar a rua inteira;
5) Viatura mal estacionada ou em 2ª fila: fotografia com o telemóvel e repartição do valor da multa com o delator;
6) Jardinzinho de bairro: regador e ancinho a cargo do residente nas tardes de fim-de-semana;
7) Pombo morto e entregue nos serviços municipais: bilhetinho de metro como recompensa;
8) Arrumador ganzado ou pedinte errante: fardinha da EMEL ou vassourinha de palha, i.e., funcionário municipal encartado;
9) Motinha de escape aberto em circulação: uma semana de carrinho-aspirador ou cortador de relva na mão;
10) Lar de idosos e creches municipais debaixo do mesmo tecto – uns tomarão conta dos outros.
E prontos, para bom entendedor meia-palavra basta...
Thursday, October 6, 2005
fragments of a lovely season
Never win and never lose
There's nothing much to choose
Between the right and wrong
Nothing lost and nothing gained
Still things aren't quite the same
Between you and me
I keep a close watch on this heart of mine
I keep a close watch on this heart of mine
I still hear your voice at night
When I turn out the light
And try to settle down
But there's nothing much I can do
Because I can't live without you
Any way at all
I keep a close watch on this heart of mine
I keep a close watch on this heart of mine
(05Out05 - John Cale live at CCB)
There's nothing much to choose
Between the right and wrong
Nothing lost and nothing gained
Still things aren't quite the same
Between you and me
I keep a close watch on this heart of mine
I keep a close watch on this heart of mine
I still hear your voice at night
When I turn out the light
And try to settle down
But there's nothing much I can do
Because I can't live without you
Any way at all
I keep a close watch on this heart of mine
I keep a close watch on this heart of mine
(05Out05 - John Cale live at CCB)
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