Tuesday, July 26, 2005

o fanático do sashimi

Fazia-me falta um novo vício na vida. Eis senão quando redescobri a bela da comidinha japonesa. Uns tempos passados após as primeiras tentativas frustrantes, sonho acordado com o “maguro tataki” a desfazer-se na minha boquinha como manteiga em pão quente. Em termos práticos, são apenas pedacinhos de atum cru, melhor, muito ligeiramente braseados e as minhas papilas gustativas em êxtase. E na última semana já lá vão quatro visitas à variada gastronomia nipónica. E gosto de quase tudo (passo bem sem o “nori” e o arroz do sushi adultera um bocadinho a essência do sashimi) porque é mesmo bom!

Sunday, July 17, 2005

anicha aqui

Ainda não percebi bem porquê mas dei por mim a tirar um livrinho bem antigo da prateleira poeirenta para o voltar a ler. “A Causa das Coisas”, by MEC. Li-o, pela primeira vez num verão distante de 1988, numas férias passadas entre o esturricar ao sol no monte de areia, diante da Anicha, o mergulho refrescante no final de cada crónica e a impaciência pela saída noctívaga até ao Seagull. Um verão descontraído de passeios de bicicleta com uma namoradinha estival de nome Benedita e peras verdes apanhadas directamente das árvores. Mas o engraçado é que as croniquetas do Miguel Esteves Cardoso, escritas em meados da década de 80 e retratando as peculiaridades do povo português permanecem impecavelmente válidas. Substituídos os escudos por euros e a CEE pela União Europeia, os estereótipos e figurões actuais estão lá todos, como se as “Coisas” tivessem permanecido estáticas ao longo destes vinte anos e as “Causas” fizessem parte do código genético desta Nação. E eu digo: podemos ter todos os defeitos do mundo mas temos também as virtudes de uma personalidade forte – sejam elas quais forem. Valha-nos isto!



Tuesday, July 12, 2005

human imperfection

It was one of those days. Woke up wandering why on earth did my dear soul end up trapped inside this imperfect body capsule. Hadn’t slept 10 minutes in a row during the night and spent the whole day wishing I was like “Marsellrebelldesosa”, who seems to be able to sleep only 4 hours a night. At 9h30 as I was finally reaching my REM stage, the damn phone rang: a hysterical secretary trying to get me on time to a recruiting session – it wasn’t my turn, obviously. Got dressed and went to “the bunker”. Nobody around and I was just going to nap over the laptop when a colleague arrived and switched the lights on – “Good morning!” Yeah, and I hate you bastard. The phone strikes again and I have to deal with half an hour of consulting bullshit on a low-coverage area, while feeling the brain getting fried next to my ear. Tried to work a bit and here comes the phone again: quality auditing to my project. Not during the next two weeks, pleeease… Keeping my eyelids in a horizontal position and guess what, the fucking phone rings again. Bad news, this time: a friend’s father just died last night, while sleeping. A father who had that kind of unique relationship with his daughter, so it seemed. Not that old, I believe. A “special parent” so it used to be commented. And I get to that inner line of thought on “how to deal with dead” and “why do we have to sleep”. Human imperfection, that’s it.


copyright: vitriolica

Friday, July 8, 2005

warum?

Impressionante! Graças ao “poder dos fotologs” soube rapidamente que toda a gente que conheço em Londres estava bem e fiquei descansado. Mas no “bunker” em que me encontro a trabalhar, havia um “bife” de um outro projecto absolutamente desesperado a tentar telefonar para a família para saber como estavam. Felizmente, bem. O mesmo homem que ainda ontem pulava de contente por causa dos jogos olímpicos, passou a manhã inteira agarrado ao telemóvel para conseguir saber notícias. E estas coisas deixam-nos a pensar. Se Alá é grande, se somos todos filhos de um Deus menor ou se o fortuito manda.

Copyright: abox

Sunday, July 3, 2005

Manager

Pois é, para acabar com o mau humor dos últimos tempos, saiu-me no sapatinho a promoção desejada. E agora que a poeira já assentou sobre a novidade, fica a listinha de intenções para o novo desafio. Seis, está bem de ver, porque é este o número que faz toda a diferença – mas a ordem é perfeitamente irrelevante:

1) Chegar a partner em 3 anos (ou em 5, no limite) – sou totalmente a favor da ambição, esta é o sal da vida e o motor do progresso, mas sem confusões com ganância.
2) Ser um exemplo a seguir – creio que ao longo da vida, em particular da profissional, predomina o aprender pela negativa, isto é o evitar reproduzir o que os outros fazem mal. Como é evidente, isto implica uma dupla operação: discernir entre o malfeito e o bem-feito e estabelecer a forma correcta de fazer. É complexo e ineficiente. Quero, por isso, que quem trabalhe comigo aprenda pela positiva.
3) Incentivar o “pro bono” – poucas pessoas sabem mas as empresas de consultoria, para além de cobrarem rios de dinheiro, também desenvolvem actividades de filantropia. Tipo, dedicarem horas úteis a desenvolver projectos para Organizações e Instituições sem orçamento para nos contratarem. Quero fazer disto.
4) Tratar os “mentorados” nas palminhas – em boa verdade toda a gente precisa dum estímulo inicial e depois recorrente, de uma energia de activação para poder vencer, principalmente para quem saiu fresquinho da escola e não faz a menor ideia do que é executar. Mais do que pagar almocinhos quero mostrar caminhos.
5) Gerar resultados – esta é egocêntrica mas há lá coisa que dê mais pica do que fazer o negócio crescer, fazer prosperar e garantir futuros.
6) Não vender “gato por lebre” – isto é, não tentar vender o que o Cliente não precisa realmente ou gerar necessidades artificiais. Odeio publicidade enganosa e o marketing do supérfluo ou inútil.

Ui, até já estou assustado. Boa sorte para mim.

Friday, July 1, 2005

alcateias

Já contei esta estória(*) antes mas para o comum dos mortais, vulgo povão, que se levanta de manhã e apanha o metropolitano de Lisboa (a pior empresa pública do país – mas não me vou pôr a dissertar sobre isto) a sensação de déjà vu a cada ceguinho (em politicus correctus: invisual) que entra pela porta do fundo no preciso instante em que o anterior saiu pela porta da outra extremidade – normalmente auxiliado por uma qualquer alma pacóvio-caridosa – só pode suscitar um pensamento: alcateia. Alcateia, sem querer ofender os lobos mas na literal definição de “quadrilha de ladrões facinorosos”. E eu pergunto: os invisuais não pagam passe? Ou será um bom negócio!?

E já que estamos nesta onda pessimistico-desabafa-aqui. Existem na bela Lisboa uma série de personagens típicos. Ele é o homem do saco de plástico a acenar no Saldanha (por acaso no outro dia vi-o às compras no Corte Inglês, mas isso agora não interessa para nada). Ele é o velho rasta e andrajoso a fingir-se de bêbado no Bairro. Ele é o jovem aprumado a pedir dinheiro para o chuto nos sinais das Amoreiras. E há também os dezenas / centenas de Cais a tentarem impingir as revistinhas. Bom, no metro do Marquês (lá está, este semi-jovem consultor é utilizador frequente do comboio subterrâneo – quando este funciona ou não lhe engole o bilhetinho à 3ª viagem das 10 já pagas. Gatunos!) há um dos ditos Cais dos seus 30 e tal aninhos, traços meio sul-americanos e óculos, que deve ser, muito provavelmente, a pessoa que mais sorriu para mim. Está por ali, junto à passadeira rolante, parado e sorridente de revistinha na mão, enquanto o povão passa e ele sorri, sorri, sorri… Fazendo umas continhas rápidas: desde os meus tempos de universidade e admitindo que andei uns 100 dias / ano de metro dá uns 1.300 sorrisos. É obra! E eu pergunto: o que é que a Cais fez ou faz por este ser? Proporciona sorrisos gratuitos ao povão? Opa lá lá, atribua-se desde já um subsídio à Cais!
E pergunto mesmo mais: será que vou sentir a falta do sorriso idiota e enjoativo da criatura no dia em que esta desaparecer?
Ufa!

(*) e não se ponham com estórias sobre o “estória” versus “história” senão passo a escrever tudo em inglês!