Saturday, December 31, 2011

O quadro incompleto

Ela - Porque estás tu a olhar para o infinito com a tua expressão autista? É o último dia do ano, faz o balanço e renova-te.
Eu - Não gosto de balanços e tu não sabes o que significa encontrar, descobrir, alguém assim… sempre capaz de me entusiasmar e de me arrebatar o coração.
Ela - Devias ter cuidado…
Eu - Sim, cuidar é o verbo certo, esse eu aprendi.

Wednesday, December 28, 2011

Quando o teu coração dispara… jantar e copos com os amigos – foste esperto.

Quando o teu coração dispara, os lábios te secam e tens que fazer um esforço monumental para as palavras não saírem atabalhoadas, sabes que está mesmo ali a “tua pessoa”.
À posteriori, sentes-te calmo e não tens dúvidas nenhumas, só te falta encontrar a fórmula certa para alcançares o que queres, porque existe um prenúncio de felicidade para a história que não se pode esconder, e uma conversa certa que te faz sentir o teu sorriso maravilhoso contra a palma da tua mão.
Este blog arrasta-se perigosamente para um sentido demasiado feminino, ainda bem que escolheste o dia do jantar e copos com os amigos – foste esperto.

Tuesday, December 27, 2011

O pretenso-escritor-lamechas do banco do jardim

De cada vez que se sentia perdido, sentava-se no banco do jardim e escrevia uma história de amor que levava apenas até ao ponto certo em que nenhum dos personagens sofreria as consequências do que sentia. Era, com toda a certeza, um escape para o mal de que padecia e para a sensação da brevidade dos tempos de felicidade que não era capaz de ultrapassar. Não suportava o diálogo que o seu coração travava com a alma em surdina e, por vezes até, em silêncio. Não acreditava nas impossibilidades que lhe expunham num argumento de história finita. Acreditava sim, na transparência dos sentimentos e das sensações que observava sentado no banco do jardim.
Naquela tarde saiu-lhe o par das bicicletas e sorrisos abertos sob um sol fantástico de Dezembro em Lisboa. Viu-os circundar o jardim lado a lado e em fila-indiana feita de apenas dois, por entre a calçada branca. Viu-os contentes com o fim-de-tarde a experimentarem a “acrobacia” de pedalarem de mão-na-mão. Viu-a cair sobre a relva verde-bonito e bem-cortada a esboçar um beicinho enquanto ele desmontava apressado da “bicla”. Viu-o debruçar-se sobre ela, preocupado, enquanto ela fazia um sorriso maroto de quem queria meiguice. Viu-lhes o abraço recuperador, quando ele a erguia como o melhor da sua vida. Imaginou-lhes a história simples e certa de quem encontrara a alma-gémea quando já não acreditavam muito. Foi, novamente, capaz de compreender que existem momentos, situações e lugares onde o presente se realiza sem receios do que aconteceu antes, porque faz todo o sentido.

Monday, December 26, 2011

O chá (e a falta dele) ou o efeito do tempo e as dimensões

Tudo parece diferente com o passar do tempo. Reconhece-se a cidade de que gostamos, reconhecem-se os pormenores encantadores mas as dimensões parecem diferentes. É uma sensação estranha quando chegamos ao presente, passado tanto tempo fora. As coisas e os sítios permaneceram nos seus lugares mas as visões que nos oferecem são distintas. Não sei se foi assim que o “tio Alberto” percebeu o significado da relatividade mas lembra-me a sensação do reconhecimento acelerado quando chegava a Lisboa depois das férias de verão prolongadas, passadas entre a praia e o norte. Como que a querer completar o reconhecimento, passo horas a tentar arrumar objectos que marcam a minha vida. Passei muito tempo fora de casa ao longo do último ano e foi bom. Já não tenho mais espaço para os livros e percebo que tenho muitos marcados a meio, em leituras deixadas para trás – gostaria de os completar, mas falta-me o tempo. Quando a noite começa a vencer o dia – cedo demais para o que estou habituado – oferecem-me chá que já não provava há quase um ano. Adensa-me as memórias, mesmo das últimas vezes maravilhosas em Lisboa, e acalma-me as perspectivas, como um remédio que me faz desvanecer o cansaço.

Saturday, December 24, 2011

O presente de Natal

Ela sorriu sem ensaio quando o viu chegar com a caixa enorme debaixo do braço. Era uma caixinha grande o suficiente para caber lá dentro um coração desproporcionado, daqueles capazes de conter amor verdadeiro. Desfez a espécie de embrulho e lá dentro encontrou um mundo. Ela foi capaz de perceber o presente.

Thursday, December 22, 2011

The dreamed Christmas gift

Order a jet to Jaipur. Take her through the pink walls to Rajvilas. Arrange for a romantic dinner by the pool. Have her sit down in a wooden chair. Sense the marvellous scent of the flowers. Kneel down and ask her for The Future.

Wednesday, December 21, 2011

A sabedoria do Wok | I'll stop the world and melt with you

É enquanto passas o Wok por água e observas as bolhas de sabão que se formam sobre o redondo do metal que te apercebes do excesso de cansaço impregnado em ti.
Estás cansado, miúdo. Estás a precisar da espécie certa de calma que só encontras com o calor próprio do verão que é teu e com o mar a rebentar à tua frente, quando encostas a cabeça à toalha de praia. Estás a desejar as sensações elementares que te fazem sonhar. Estás a necessitar de sentir amor, daquela espécie que faz de ti precioso e preciso. Queres a mão que te afaga o cabelo comprido, capaz de te fazer sentir descontraidamente vivo. Queres a troca de disparates numa conversa sincera e o sorriso reconhecido de quem gostas de verdade.
 
 

Sunday, December 18, 2011

Bold meaning of the days that precede summer

Unready for new action. Obliviously listening to a good song by Nitin Sawhney (Shazam found to be part of his new album “Last Days Of Meaning”). Unable to decipher the meaning of a fresh smile. Undoubtedly bored by his own talk and by the need to translate it to “Brazilian Portuguese”. Consequently, judging people at the scene by their expressions of unintelligence. Amazed by the extraordinary volume of lager consumed by locals. Feeling the heat of the night amplified by the burning of his recently tanned skin. Obviously unable to think right and reacquiring his sense of existential nihilism. Mesmerizing on the emptiness of the weekend sorties. In need of a meaning to last and of becoming bold once again.