Wednesday, May 18, 2011

home

Daqui vêem-se algumas estrelas de um hemisfério diferente. Daqui vê-se parte de uma ponte que é bonita e o reflexo de casinhotas estranhas na água de um rio que mais parece um canal. Aqui há um jasmim que vai crescer e três flores, resgatadas por ti, que pretendem continuar a florescer. Daqui vejo a espreguiçadeira onde tu gostas de te espraiar e escutar a cidade. Aqui já há tanto de ti e de mim, de nós, que me faz abrir um sorriso.


There is a house built out of stone
Wooden floors, walls and window sills...
Tables and chairs worn by all of the dust..
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home.......

Cause, I built a home
for you
for me

Monday, May 16, 2011

do amor e da vida (do meu e da minha)

Por vezes sinto-a tão distante que a lógica sobrepassa a razão. Por vezes submete-me à dúvida que me recorda a fase em que achava que era feliz (sem o saber de facto). Por vezes tudo é sensação de algo mais do que admitia possível (e bom). Ela oscila (ambas oscilam) como se me interpretasse fascinado por montanhas-russas quando eu quero mesmo é calmaria (eu sou difícil de interpretar), como naqueles abraços (dados) em que o encontro das costas dela nas minhas mãos (grandes) e o peito aconchegado ao (meu) peito me fazem sentir realmente vivo.

Sunday, May 15, 2011

da alegoria dos marshmallows

Leio um artigo numa revista muito atrasada. Descreve uma experiência simples com humanóides de 4 anos que são deixados sozinhos numa sala com um marshmallow numa mesa e duas opções: i. comer o marshmallow; ii. esperar pelo regresso do “cientista” e ganhar dois marshmallows.
(ver aqui: http://www.youtube.com/watch?v=4ZikfUI0G5o)
Replicada muitas vezes e seguindo os percursos de vida das “cobaias”, a experiência traz resultados estatísticos óbvios: os miúdos que aguardaram pela recompensa dupla, conseguiram melhores resultados na escola, chegaram à universidade e a níveis de rendimento superiores do que os que optaram pela satisfação mais imediata da gula que, naturalmente, vieram a ter problemas de drogas e alcoolismo…
Uma experiência norte-americana, está claro. A replicar com amêndoas de chocolate para saber quem são os espertos.



moradas

Uma das primeiras imagens que guardo da vida é a de descer os degraus de cimento da estação do metropolitano em Sete-Rios pela mão do meu pai e de o fazer voltar para trás quando o metro chegou à estação. Devia ter uns quatro anos e naquela altura o metropolitano de Lisboa começava (ou acabava) ali mesmo, junto ao Jardim Zoológico. Naquela altura eu vivia ao pé de uma Estrada percorrida por eléctricos dos amarelos que não me assustavam e eu gostava de ver passar. Reencontrei os eléctricos, em formato mais moderno, quando vivi junto a uma Diagonal, num tempo em que fui feliz de uma forma muito superficial. Hoje moro ao lado de uma Marginal, onde o corrupio de automóveis, comboios, bicicletas na ciclovia, helicópteros a aterrar e aviões em aproximação é maior do que podia imaginar. Aqui não passam eléctricos e também não se vêem barcos a navegar a espécie de rio mas as possibilidades são maiores.

Saturday, May 14, 2011

do Socialismo – parte II (só para ver se o blogger me censura duas vezes)

Tese experimentada: as sociedades Socialistas são tão boas a fazer embalagens que são impossíveis de abrir!
Imaginem este miúdo desesperado a ter que recorrer a uma faca para abrir a película transparente do maço de Lucky Strike. E isqueiros não há – ainda bem que decidiu comprar fósforos suficientes para uma vida inteira, aaargh!

Thursday, May 12, 2011

do Socialismo

Por enquanto é só uma tese, à espera de ser experimentada, mas enquanto contemplo o World Trade Center constato, mais uma vez, que o mundo, a sociedade e o ponto da evolução a que chegámos na representação da espécie adoptou uma nova lógica, um estilo já gasto e uma doutrina vencedora não imaginada: o Socialismo.
Hoje visitei uma cidade planeada. Primeira-letra-do-alfabeto grego-ville. “Rematei” o que já sabia: o futuro, no presente, é do Marx e do Engels, uns visionários antes do tempo certo. A capacidade de apropriarem as massas de um significado para a vida quando as vidas assim não fazem sentido nenhum porque são absolutamente dirigidas, sem factor de escolha. A ocupação dos indigentes, apenas e só porque faz sentido para quem tem o poder de decidir. Eu não compreendo, não concebo, as vidas assim vividas. Viver é escolher e com grandiosidade. Aprende-se para se ser capaz de discernir, de tomar opções. Compreender e optar faz parte do sentido e do valor que damos às coisas e às causas. Viver de forma planeada e dirigida é castrador do mais puro que a “alma humana” possibilita. Não chegámos até aqui para isto, queremos, devíamos querer mais, devíamos ser capazes de mais. Mas na realidade existem muitas, demasiadas, vidas condicionadas pelo que os outros decidiram, como se parte da espécie assumisse o papel de formigas andrejantes.

a fruteira e o regresso (lamechas ao quadrado, como a mesa :)

Deixou-lhe exactamente sete maçãs, um cacho muito grande de uvas, um kiwi e duas bananas (ele não gosta de kiwi e acabou de comer a segunda banana já amadurecida).
Deixou-lhe uma casa montada em três dias e meio, com muitos parafusos apertados com paciência de chinês.
Deixou-lhe um jasmim pequenino com vontade de crescer e uma orquídea para cuidar com receita estipulada.
Deixou-lhe os lençóis da risota e quatro almofadas marcadas pelo cheiro dela para ele sonhar muito.
Deixou-lhe dois castiçais com recarga de velas prontos para acederem nos jantares românticos que têm pela frente.
Deixou-lhe a vontade de sentir a pele dela encostada à sua, nas múltiplas formas perfeitas que têm de se abraçarem.
Deixou-o no outro hemisfério com todos os pontos de referência que compõem uma história que ninguém viveu antes, a expectativa do regresso dentro de uns dias e a certeza de que tudo o que desejam será deles nas noites quentes que aí vêm.

Tuesday, May 10, 2011

O tigre e a mariposa

Tu saíste de motorista com ar solene, e eu refugiei-me na piscina com a esperança de a água clorada me neutralizar o sal das lágrimas. Respeitei as regras todas – excepto a dos sapatos de vela – e fiz 2 piscinas, uma em crawl e outra a bruços. Depois, fiquei parado a flutuar ofegante e com os óculos embaciados. Descansei e tentei mais uma, desta vez a nadar debaixo de água mas a água é pouco profunda e 25 metros são demais. Acabei em mariposa a molhar o tecto baixo que ficou a pingar. Ao sair do tanque azul intensifiquei a dor no fundo das costas, mas pelo menos acabei a sentir-me cansado e não somente triste com o primeiro impacto das saudades de ti.
Em seguida tomei um dos meus banhos demorados com o chuveiro que montei para nós e que nos vai provocar uma infiltração na parede antes de terminado. Reparei então que me tinhas deixado uma das tuas marcas, uma mensagem subliminar na mesinha de cabeceira: os teus botões de punho Calvin & Hobbes.
És o amor da minha vida, tigre.