Thursday, September 29, 2011

presumir coisas simples… sempre a aprender.

Tenho vivido uma vida boa e, por necessidade própria, só tive duas mulheres-a-dias.
A primeira, contratada a uma empresa, que garantia o nível de serviço, nem sequer a cheguei a conhecer. Contactávamos através de post-its em escritos castelhanos e, quando era necessário, eu deixava-lhe um fundo de maneio para as compras de detergentes e afins.
Com a actual, a quem fiz questão de apresentar os pontos de referência cá de casa e estabelecer a dimensão das tarefas numa tentativa de lhe organizar o trabalho, também comunico através de blocos de notas coleccionados dos hotéis por onde fui passando. Hoje, com a tentativa de recado que me deixou, percebi que ela é praticamente analfabeta e que provavelmente se tem regido pelo instinto, em lugar das prioridades que lhe deixo escritas nos dias em que cá vem. É o que dá presumir coisas simples... sempre a aprender.

Wednesday, September 28, 2011

da fé (em Deus)

Tenho muitos amigos que acreditam verdadeiramente em Deus. Têm fé. Sempre que penso neste assunto, lembro-me de uma conversa com uma amiga minha, num autocarro no caminho para Londres que, com alguma soberba mas também com gentileza, me disse com palavras sábias, reservadas a quem acredita em Deus e tem fé – adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro –, que respeitava o meu pensamento ateísta e que cada um encontrava a sua própria verdade, e umas horas depois encontrou o (então) namorado, justamente e por acaso, em plena estação do metro de Tottenham Court Road, deixando-me boquiaberto com a sorte, ou a fé, de o encontrar assim entre ~ 10 milhões de almas, nos torniquetes da estação. Tínhamos 16 anos, éramos felizes à nossa maneira e ela tinha toda a fé que eu não tenho.

Sunday, September 25, 2011

o meu subconsciente gourmet

Hoje acordei de um sonho giro, em que estávamos numa terra distante a tentarmos entender uma agente de viagens de feições orientais, porque queríamos ir passar o Natal a Nova York e a passagem de ano a Paris. E ríamo-nos muito, os dois, como se fossemos uns patetas, porque ela apostava em fazer-nos um desconto se optássemos por um overnight em... Lisboa :D


a frente fria

Não me bastava a crise instalada à distância e também na cavidade torácica, e esta cidade é assolada por uma frente fria que faz cair a temperatura 14ºC. Quando decido sair para ir espevitar com os miúdos de cá, a electricidade cai e pelo intercomunicador fico a saber que a companhia só prevê restabelecer a “normalidade” em duas horas. Desço 14 andares a pé e meto-me na perua mas enquanto conduzo cai a trovoada mais estranha que já vi, junto com chuva miudinha. Se “o tipo” não joga aos dados, acordou maldisposto e encenou uma conspiração no sábado em que eu precisava mesmo era do sol na piscina.

Friday, September 23, 2011

tirar o cavalinho da chuva


Passamos tanto tempo a tentar pretender saber e decidir que por vezes estes verbos todos nos confundem. Desejar é próprio de uma alma jovem, apetecer é característico de uma alma pronta, querer é o que faz uma alma firme, cuidar é de uma alma completa.
Eu estou algures entre o terceiro e o quarto estado e não vou regredir.

Wednesday, September 21, 2011

a trança dos dias

Um dia descobri-te, vinhas de botas confortáveis e cheia de charme, e eu sorri muito, para ti, por entre os dedos.
Um dia apareceste-me de calças de ganga e óculos escuros, e eu quis muito ver-te os olhos verdes.
Um dia vieste ter comigo de camiseira às riscas, deste-me boleia, e envolveste-me para me dar um beijinho.
Um dia recebeste-me com um vestido negro semi-transparente nos braços e confuso de despir, e eu perdi-me no embaraço.
Um dia convidei-te para jantar, vinhas com o vestido preto mais bonito que já vi, e fizemos amor para recordar.
Um dia fomos a um concerto, contigo num vestido giro, e demos os melhores beijos da minha vida.
Um dia despertei-te, estavas com uma camisa de noite e um calção transparente, e acabámos num abraço encaixado.
Um dia saímos para as festas, contigo de rato Mickey, e demos o melhor abraço do mundo.
Um dia apareceste-me de jardineiras, com um olhar estrábico, e eu debrucei-me para te beijar fazendo-te festinhas no pescoço.
Um dia fui acordar-te de pijama com a Minie sorridente, e tirei-te muitas “fotografias” com a luz da manhã.
Um dia cheguei a tua casa, encontrei-te confortável no sofá com uma trança linda no cabelo, e apaixonei-me outra vez.
Um dia saímos para jantar depois de muitas horas que passámos juntos, e agarrei-te o olhar.
Um dia chegaste com roupa quente e prometeste-me um avental, e eu soube que eras minha.
Um dia caminhaste muito, de ténis calçados, para me encontrares, e passeámos de mãos dadas.
Um dia fomos a uma festa de aniversário contigo de laço saliente, e encantaste-me como nunca.
Um dia puseste um vestido com cobertura de seda, e eu aqueci-te com as mãos enquanto namorámos à vista dos arranha-céus.
Um dia saímos para um jantar formal, contigo vestida de preto e de anel no dedo, e eu soube que me querias para sempre.
Um dia vestiste três vestidos diferentes antes de escolheres o que querias, e eu gostei de todos.
Um dia combinámos um jantar com os meus amigos, e eu amei-te no balcão do bar.
Um dia cobriste a cabeça com um véu de marca e original, e eu fiz fotografias de ti à sombra do palácio.
Um dia vestiste-te toda de branco, fizemos macacadas numa rede, e eu tirei-te mais fotografias desfocadas.
Um dia deitaste-te no meu colo a muitos pés de altura, e eu fiz-te festinhas o tempo todo, com gosto.
Um dia vínhamos da praia, trazias o ar mais descontraído que já percebi, e eu adorei a tua firmeza.
Um dia acordámos, apanhei-te desprevenida, quase nua, e rimo-nos de verdade.
Um dia cheguei a casa, encontrei-te de pijama cinzento coberta por uma manta, e eu fiz-te muitas festinhas dedicadas na barriga.
Um dia deixaste-me, pronta para a viagem, deste-me um abraço daqueles, e eu fiquei a observar-te na fila muitos minutos seguidos enquanto confirmava tudo.

Égoiste - as coisas que as mulheres não sabem como os homens gostam (post de borla!)


Sem surpresas, os homens gostam de tudo o que vos faz femininas, com ênfase nos pequenos pormenores, mas sem conhecerem o trabalho que deram a alcançar.
Sim, da lingerie que vos assenta na perfeição mas sem a noção dos dias que demoraram a encontrá-la e das horas que passaram a namorá-la.
Sim, das unhas bem pintadas mas sem saberem que se trata do Chanel 473.
Sim, do vestido negro que vos realça as formas mas sem imaginarem as sobremesas de que abdicaram para nele caberem.
Sim, do veludo da vossa pele mas sem vislumbrarem os boiões de creme que lhe dedicaram.
Sim, do tom único do vosso cabelo mas sem conceberem que implicou 4 horas passadas no cabelereiro.
Sim, os homens conseguem ser uns fúteis e deixam-se levar muito pela imagem, desde que seja cuidada, bem cheirosa e resplandecente. Não, os homens não querem saber para nada do que vos custou consegui-la e muito menos terem que opinar a pedido. Não há cá “gostas mais deste do que do trazia ontem?”, “ajudas-me a escolher o vestido?” ou “o que achas do meu novo corte de cabelo?”.
E sim, gostamos de vocês assim. De verdade.