What
would you do if you knew you would only be really, truly, happy one year from
now?
Sunday, October 30, 2011
Saturday, October 29, 2011
About a man (compor)
Compôs o cabelo desalinhado pelo vento quente, primeiro com
a mão esquerda e depois com a direita, e ajustou os óculos sobre o nariz.
Olhou-o nos olhos e disse-lhe pausadamente mas com voz firme:
- Agora que já descobriu o amor verdadeiro, pode começar
a viver a sério.
Friday, October 28, 2011
Da lealdade de (e da) verdade (dos sonhos)
Ela - O que foi?
Ele - Continuo cheio de sentimentos bons por ti.
Ela - Aceitaste?
Ele - Sim. A tua decisão foi a melhor, no curto prazo.
Acabou-se a ansiedade e só persiste o sonhar. No longo prazo, para a vida, foi
a pior.
Ela - Sinto saudades de ti.
Ele - É recíproco, mas isso tu já sabias, e não dói.
Ela - Faz amor comigo.
Ele - Como naquela manhã em que o desejo de ti não me
passava?
Ela - Sim, mas desta vez não quero que te sintas assustado.
Deve ser do calor mas é engraçado como sonho com diálogos e
acordo sobressaltado com a realidade das palavras. O subconsciente é tramado e
ainda assim melhor com as imagens coloridas que persistem. Alguém interprete
isto, eu tenho sono.
Wednesday, October 26, 2011
Mais mostarda, alors moutarde au poivre vert
Caro, desta vez, enquanto
escolhia a “Maille au poivre vert” da prateleira, sem ligar ao preço realmente
exorbitante, tentei não recordar a tua história. Mas como já devia saber – toda
a gente o sabe –, é impossível pretender não pensar, sem pensar. Faz parte e é
indissociável – gosto desta palavra, indissociável, tem um sentido romântico
que nos põe a pensar. Sobe-nos ligeiramente ao nariz, como deve fazer uma boa
mostarda, e esta sobe bem, ligeiramente – um dia destes, crio um novo blog
chamado “alors moutarde”, só porque me apetece, para contar as poucas vezes que
a mostarda me subiu ao nariz de forma intensa – têm sido poucas, porque tenho
vivido uma vida boa. Retomo a tua história que não quero para mim, mas pelo
menos tu tens dois rebentos que te enchem a alma. A minha vai ser diferente,
mesmo que a um preço exorbitante.
Tuesday, October 25, 2011
O português fora (ou fora com o português)
O português fora de portas, fora do país, é absolutamente,
naturalmente, consequentemente e essencialmente um tipo bestial. Transtorna-se
e transforma-se para ser do melhor que há. A razão comparativa nem sequer chega
a ser excepcional. Lembro-me de uma viagem à Suíça, ainda miúdo, em que encontrava
um português em cada restaurante, em cada hotel, a servir à mesa e a tratar dos
quartos: simpáticos, orgulhosos, briosos, atentos, preocupados com o
“promenor”, cheios de objectivos e de capacidades de que não somos capazes no
rectângulo bafejado pelo bom tempo e pelo ar saudável do Atlântico. Está-nos no
desoxirribonucleico, só que ainda ninguém identificou o aminoácido certo para
combinar o dom com o ponto geográfico da pátria. Se até há algumas décadas a
coisa se justificava pela falta de investimento no cantinho lusitano e na
necessidade de ir para fora “vencer”, hoje em dia tudo isto me surpreende. Um
espanhol fora do país é um aproveitador. Um francês fora do royen é um maçador.
Um inglês junto a uma praia é um bêbado de faces rosadas. Um alemão fora do
reich é um perdido de sandálias e meias azul-bebé. Um americano fora da
homeland é um erudito pretensioso (*). Já um português fora da lata de
sardinhas é um vencedor, a sério. E isto faz-me subir a mostarda ao nariz.
Portugal está no top5 dos países que conheço. Tem tudo (menos petróleo), campos
bonitos, praias como não há iguais, floresta mediterrânica, solos onde o que
cresce é tudo de qualidade, uvas para bom vinho, amêndoas deliciosas, azeite premium
que exportamos, tudo sem a “doença do holandês” e no entanto estamos onde
estamos, isto é, parados no tempo. Enraizados na fábula de que vivemos em crise
pelo menos desde 1822, quando se acabou o Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves. Cá fora somos os maiores, em absoluta contradição com o que (não)
conseguimos ser lá dentro. Cá fora somos orgulhosos, criativos, capazes e até
engenhosos. Adaptamo-nos, desfrutamos e damos o que temos de melhor. Cá fora, é
tudo muito “fixe” e até parecemos um povo com inteligência colectiva. Há mesmo
um sentido de fraternidade que se estende além-mar com carinho desejado para a
nação que não nos viu ser do que somos capazes.
(*) Estendendo isto à nova ordem mundial – Um chinês é
um mete nojo fora do restaurante. Um indiano é um chato monumental. Um russo é
um tipo que fala sem parar. Um brasileiro é um gastador enfatuado.
Friday, October 21, 2011
O sono e o sonho
Num sono estremunhado
acordo de um sonho confuso, como eu gosto. Confundo a cama dela com a nossa e
um despertar de sábado com ronha longa. Afinal é só sexta-feira e o colchão
dela é melhor que o nosso. Afinal ocupei o espaço todo e não dormíamos
agarradinhos um ao outro. Ao longo da história toda acho que só o fizemos uma
vez, numa noite bem dormida em que ela sentia muitas, muitas, saudades de mim. Por
outro lado, adormecemos muitas vezes um com o outro num sentido de conforto
incomparável, depois de horas de amor trocado e de conversa simbiótica. Nunca
senti o sono como desperdiçado quando nos amámos assim. E gosto sempre de a
sentir ao meu lado mesmo que seja num sonho. Principalmente, quando sinto que ela
acorda antes de mim e me dá beijos bons no pescoço.
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