Surpreendido com a
acumulação de garrafas sobre a mesa, a deitar um olho à transmissão dos
Olímpicos e alheio à conversa, senti saudades da companhia da grupeta de gente
multicultural e multifacetada. O Indiano de 50 anos que tinha deixado a marinha
para fazer o MBA, divorciado e com duas filhas ainda pequenas de quem insistia
em mostrar as fotos, era super boa gente. A Birmanesa do inglês sofrível era
proprietária de um dos maiores negócios de exportação de madeira no Myanmar. O
Indonésio de ar tresloucado era marketeer formado na Holanda e fumava cigarros
de odor adocicado. O meteorologista Tailandês que pela forma como adormecia nas
aulas devia sonhar muito com o tempo. O Escocês inventor, dono de uma patente
que não lembraria a ninguém e que se enfrascava à séria nas saídas nocturnas. O
Espanhol, companheiro e perdido na vida amorosa. O grupo das forças armadas de
Singapura, sempre atentos, curiosos e muito inteligentes. O Americano que
projectava motos para a neve no Minnesota. A Alemã do olhar esquisito que
contribuíra para a invenção do .mp3. O Sul-Coreano antipático, viciado no golf
e vice-presidente de um “chaebol” que factura tanto quanto o PIB português. O
Paquistanês que trabalhava na fábrica de embalagens no Sri Lanka. O Japonês
responsável pelo desenvolvimento de produtos da Nestlé na Ásia-Pacífico. O
Mexicano sempre pronto para as maluqueiras. E eu ali metido no meio de toda
aquela gente mais ou menos brilhante.
Monday, July 30, 2012
Friday, July 20, 2012
Último dia de frio
Último dia de frio.
Esdrúxulo, é como te sentes enquanto conduzes a carripana familiar pela
Marginal do lado de lá. Sete, são as faixas de rodagem e tens que escolher a 3
ou a 4 para apontares à ponte certa. Concentrado, não chegas ao botão do quente
no ar condicionado. Sem importância, porque estás quase a chegar à espécie de casa.
Rio, foi o índice que te ficou da conversa ao jantar. Básico, não passas do
mesmo. Boa noite, é o que desejas ao cara simpática que encontras na jaula.
Frio, é o que te trespassa pela janela aberta. Espreguiçadeira, o desejo se o
tempo fosse o certo. Resistente, o jasmim que aguarda pelo sol. Sonhar, porque
se pode viver sem vírgulas.
Sunday, July 15, 2012
Griso suavemente febril
Gozas o privilégio de pelo
menos três sonhos com a temperatura certa, quando lá fora o frio se sente nos
ossos. Um parece um filme de acção, outro mete pinguins e o terceiro é perfeito
e colorido. Nos intervalos permaneces quieto, tão imóvel quanto podes. Respiras
fundo, tão profundo quanto sabes. O oposto de ti, ficares assim parado. Estás febril
e cheio de larica. Levantas-te para comer algo bom.
Thursday, July 12, 2012
O estado enigmático da situação
Repete-me a questão e
deixa-me a pensar na vida… Novecentos e vinte e seis dias desde o achamento… Parece
muito pouco em treze mil e novecentas e treze voltinhas no carrossel pequeno. Desde
aí entrou-me pela minha vida adentro. Firmou-se como só as estrelas sabem. Já
se quis esconder em céus de nuvens densas mas todos estes dias acendeu-me por
dentro como um Sol de cabelos loiros espraiados, daqueles que só os miúdos
pintam. Não percebe o que eu sinto sem lunetas, a partir das minhas auréolas
perfeitas. Devia saber melhor, sem pintas mas com risquinhas.
Sunday, July 8, 2012
Dos diálogos repletos de amor (coração lamechas)
- Um dia destes apanhamos o novo voo para Bamako? Gostava de
ir a Timbuktu, acho que se chega lá de barco.
- O Mali é um país sem mar, muito pobre. Vou lá
contigo se fores comigo à Índia :-D
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