Foi depois de ter tentado arrumar tudo, inclusive o que não
queria, que me encostei no sofá e me senti desconfortável. Cheguei-me atrás,
sem melhorar o resultado, e classifiquei-me de grande preguiçoso, constatando
que não fiz o suficiente para merecer cores bonitas na minha vida. Foi neste
exercício de auto-flagelação, acompanhado pelo som maquinal da roupa a enxaguar
na divisão ao lado, que me senti subitamente vazio. A premeditar um momento
vegetal, decidi embriagar-me com o restinho de coca-cola que descobri no
frigorífico. Estado de loucura precoce para quem há poucas horas experimentou
um café puro-árabe. O excesso de cafeína fez-me sentir enjoado. Estendi a roupa
que me pareceu tão manchada quanto antes da entrada na máquina da treta e puxei
o portátil lá para fora, para a posição dos pés-ao-ar. Fiquei muito tempo com
os olhos muito abertos a fixar as teclas que nos compõem as palavras “Tu e eu”.
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