Thursday, March 1, 2012

“Deus o porteja”

Chego ao consulado e encontro um desesperado concidadão a quem roubaram os documentos e que tem o voo para apanhar no próprio dia. Faço uma “aterrissagem” súbita para a realidade dos outros. Ele é do Seixal e esbraceja pedindo que o deixem falar com o Senhor Cônsul. Reparo-lhe o pormenor do “Senhor” e observo-lhe a camisa suada de quem já fez muitas horas de viagem para ver barrada a entrada do que devia ser um serviço protector. A mim não, que vou todo “pipi” de fato e gravata, e com hora marcada. Ao entrar, pergunto-lhe o nome, confiante de que lhe vou acelerar o assunto. Lá dentro, os funcionários são todos “zucas” – porque raio não contratam concidadãos, quando apelam à emigração dos quadros? –, aprumados e estranhamente eficientes. Trato do meu passaporte e o Senhor Cônsul vem trocar umas palavras comigo, para saber quem eu sou e o que faço por aqui. Não lhe dou muita atenção enquanto me convida para um evento da comunidade emigrada, mas intercedo pelo homem lá fora. Saio com os meus assuntos eficientemente tratados e explico ao do Seixal que já o vão deixar entrar. Ele agradece-me com um “Deus o porteja” enquanto apanho o táxi.

1 comment:

fatima said...

Parabéns!Gosto de pessoas assim.