Chego ao consulado e
encontro um desesperado concidadão a quem roubaram os documentos e que tem o
voo para apanhar no próprio dia. Faço uma “aterrissagem” súbita para a
realidade dos outros. Ele é do Seixal e esbraceja pedindo que o deixem falar
com o Senhor Cônsul. Reparo-lhe o pormenor do “Senhor” e observo-lhe a camisa
suada de quem já fez muitas horas de viagem para ver barrada a entrada do que
devia ser um serviço protector. A mim não, que vou todo “pipi” de fato e
gravata, e com hora marcada. Ao entrar, pergunto-lhe o nome, confiante de que
lhe vou acelerar o assunto. Lá dentro, os funcionários são todos “zucas” –
porque raio não contratam concidadãos, quando apelam à emigração dos quadros? –,
aprumados e estranhamente eficientes. Trato do meu passaporte e o Senhor Cônsul
vem trocar umas palavras comigo, para saber quem eu sou e o que faço por aqui. Não
lhe dou muita atenção enquanto me convida para um evento da comunidade
emigrada, mas intercedo pelo homem lá fora. Saio com os meus assuntos eficientemente
tratados e explico ao do Seixal que já o vão deixar entrar. Ele agradece-me com
um “Deus o porteja” enquanto apanho o táxi.
1 comment:
Parabéns!Gosto de pessoas assim.
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