Tuesday, October 18, 2005

lugar místico

“Nas noites de Verão levava-me ao alto de uma árida colina para observar o céu. Fatigado de contar meteoros, eu adormecia num rego do solo. Ele ficava sentado, de cabeça erguida, rondando imperceptivelmente com os astros. Deve ter conhecido os sistemas de Filolau e de Hiparco e o de Aristarco de Samos, que eu preferi mais tarde, mas estas especulações já o não interessavam. Os astros eram para ele pontos inflamados, objectos como as pedras, e os lentos insectos de que ele tirava igualmente presságios, partes constituintes de um universo mágico que compreendia também as volições dos deuses, a influência dos demónios e o destino dos homens.”


Existe às portas de Sevilha um lugar místico. As ruínas romanas de Itálica, a terra natal de Adriano que Crayencour refere na passagem acima. Visitei-as em pequeno, num dia solarengo que me ficou na memória, e de cada vez que por ali passo, a caminho ou vindo da Sierra Morena, assola-me a vontade de perscrutar as estrelas e contemplar os astros.

2 comments:

polegar said...

Sevilha é muito muito bonito. Mas apanhei-a no ico do verão e fiquei só uma tarde. perdi-me pelas ruelas e pouco mais... fica a sugestão para um regresso.

pinky said...

as coisas de que nos lembramos de quando somos pequenos....memórias selectivas como costumo chamar.
eu das minhas viagens a Espanha dos tempos de criança, só me lembro de Santiago de Compustela e de Toledo, may nada!
Quanto ás estrelas, aconselho-te a exprimentares as planicies do alentejo, longe das aldeias, vê-las todas...(as estrelas, claro!).