Vi-a esta noite e ela encontrou-me no meio da multidão. Decidiu vir falar-me e espetou-me um beijo na face. Logo ali me arrependi de ter decidido sair. Está linda (ou continua linda). Mantém o estilo dócil mas provocador de quando a conheci. Com um olhar imediatamente desaprovador, forçou-me a apresentar-lhe a minha companhia. Deixou-me incómodo e a sentir-me perdido, como quando era miúdo. Perguntei-lhe pela vida e só me saíram palavras ocas. Fez questão de me passar a mão pelo cabelo, puxando-o ao de leve e dizendo-me que estava comprido. Lembrei-me de quando lhe dizia que devia ser ela a cortar-mo. Contou-me brevemente a sua última viagem, que esteve pela Ásia e que se lembrou de mim. Disse-me que tinha visto paisagens incríveis. Fez questão de incluir a minha companhia na conversa, como que a testar. E depois afastou-se, despedindo-se para se juntar à sua grupeta. E eu fiquei disperso, sem asa e sem vontade de continuar naquela rua. Já sei que vou sonhar com ela. Maldita hora em que decidi sair.
Saturday, January 30, 2010
Thursday, January 28, 2010
A mais bela cena de amor
[Passa-se no Pilade, a enoteca de eleição para os intelectuais de esquerda de Milão - Ripa di Porta Ticinese, nº 5]
Veio ter com ele Lorenza Pellegrini. “Levas-me a casa?”
“Porquê eu, hoje?” perguntou-lhe.
“Porque és o homem da minha vida.”
Corou, como só ele conseguia corar, olhando para outro lado. Disse-lhe: “Temos uma testemunha.” E para mim: “Sou o homem da vida dela. Lorenza.”
“Ciao”
“Ciao”
Levantou-se e sussurrou qualquer coisa ao ouvido de Lorenza.
“O que tem a ver?” disse ela. “Só te pedi se me levavas a casa de carro”
“Ah” disse ele. E para mim: “Desculpe, tenho de fazer de taxi driver para a mulher da vida de não sei quem.”
“Parvo”, disse ela com ternura, e beijou-o na face.
Wednesday, January 27, 2010
Playtime... (inscrito no moleskine durante um fastidioso Lisboa - São Paulo, há alguns anos atrás, sob o efeito séptico de três doses de mau whisky servido em saquinhos de polietileno)
Viagens de avião despertam sempre em mim o que me resta da pouca inocência de consultor mas também o fascínio que sempre exerceram sobre o meu espírito irrequieto os aeroportos, em particular, e o mundo da aviação em geral. Não no sentido do “voar” ou da sensação de liberdade que leva muitos miúdos a aspirarem a vida de piloto mas no sentido “arquitectónico” do tema, dos aeroportos, das companhias de aviação e do mundo do transporte aéreo constituir em si mesmo o paraíso do espírito obcecado pela arrumação do complexo.
(Em criança, eu colocava torrões de açúcar na varanda para capturar formigas e não descansei até possuir o meu formigueiro particular, inspirado por um personagem de uma série televisiva italiana que dava pelo nome de “La Piovra” – na versão Portuguesa, “O Polvo”)
É que o mundo de oportunidades que se abre a um espírito como o meu quando encontra um ambiente “Playtime à la Jacques Tati” como acontece em qualquer aeroporto com mais de 10 milhões de transeuntes por ano não é apenas fascinante mas também viciante.
(Há uns anos atrás de visita à livraria da faculdade de arquitectura de Roterdão, vi e perdi a oportunidade de adquirir o livro mais fascinante sobre o tema, inteiramente dedicado à arquitectura e organização dos aeroportos históricos do planeta, com direito a resenha histórica desde o fascinante Berlin Tempelhof dos anos 30, passando pelo Los Angeles LAX dos 80, ao moderníssimo Hong Kong International)
Porque para além de traduzir as mudanças provocadas pela massificação do transporte aéreo, a combinação de personalidades, vontades, exigências, motivações e opções presentes nas alminhas que passam por qualquer aeroporto internacional fazem destes o lugar perfeito para um consultor perspicaz.
(No meu caso, em modo viajante-solitário-intratável-e-no-mínimo-mal-disposto)
1) Porque é que, sem excepção, quem embarca num avião parece definitivamente mal-encarado.
2) Porque raio a fila dos passaportes “EU Citizens” é sempre mais longa e mais lenta do que a dos “Other Nationalities” (em Lisboa, entenda-se!).
3) Porque existem 10 portas para “passaportes electrónicos” – automáticas e sem fiscal de alfândega – e apenas 6 cabinas para “passaportes-não-electrónicos-mas-obrigatoriamente-OCR-porque-assim-até-te-deixam-entrar-nos-States-senão-necessitarias-de-visto” (em Lisboa, entenda-se!) – como se a adesão aos ditos fosse massiva e um país com altos índices de analfabetismo se auto-propusesse conseguir que os mesmos utilizem de forma eficaz (já sem dizer eficiente) as máquinas que obrigam a tirar o retrato e comparar com a fotografia do passaporte.
4) Porque a nossa transportadora aérea nacional (carinhosamente, TAP) não percebe que quando tenho o cuidado de pedir no tele-check-in um lugar na saída de emergência (porque apesar de tudo ainda sou mais jovem que a mediana dos passageiros e necessito de mais espaço para esticar os meus 1,88 m) considere apropriado instalar nas filas adjacentes toda a santa criança de berço ou de colo que insiste em desafiar a paciência dos meus tímpanos durante as malditas 8 horas de voo – como se os mesmos possuíssem a extrema autonomia de escaparem do avião em chamas caso me coubesse a mim, em acto voluntarioso, abrir a porta de emergência.
5) Porque a mesma TAP decide colocar nos ecrãs comuns do velhinho A340 um programa do Oliver, ainda jovem e entusiasta, a cozinhar galinha com um molinho de açafrão e tomate que até me cheira aqui, enquanto nos serve (a TAP) uma amostra de perna de perú “no forno” que sabe acima de tudo a glutamato de sódio com um pretensioso arroz árabe de passas raquíticas.
6) Ou, finalmente, porque mais uma vez a carinhosa TAP, não é capaz de entender que enfrento melhor estas viagens de 9 horas e 50 minutos (insistindo em frisar bem os 50 minutos através dos altifalantes, como se se tratasse de uma qualquer promoção a 9,99 euros mas sem perceber que o efeito é nefasto) devidamente embriagado entre copos de vinho branco e whisky do que sóbrio que nem uma madalena para que cumpram (mais uma vez, a TAP) a normativa comunitária xpto que restringe o consumo de bebidas alcoólicas a bordo mesmo em voos transatlânticos.
Enfim, em jeito de conclusão, voar já teve outro glamour e há de certeza demasiada gente “enlatada” a 22.000 pés pelos céus deste planeta fora, para a coisa apresentar outros fascínios além do conseguir “transportar formigas” através do ar.
Tuesday, January 26, 2010
Chuva forte em Lisboa
Observava-a enquanto fumava pacificamente o seu último cigarro. O sorriso dela em conversa com uma amiga enchia-lhe o olhar e a imaginação. Tinha um rosto perfeito e um cabelo suave, preso atrás da nuca pela combinação de dois lápis. Não deveria ter mais de 30 anos mas parecia-lhe uma mulher feita. Alegre e claramente erudita, com lábios carnudos daqueles que apetece provar. Despretensiosa e ainda assim charmosa. Afrodite de pleno direito. Decidiu arriscar. Pegou numa carteira de fósforos que se encontrava em cima do balcão e rabiscou furiosamente no papel áspero. Chamou o barman e pediu-lhe que a entregasse acompanhada de uma flute de champanhe. Quando ela se virou e lhe fixou o olhar, ele tremeu por dentro. Arrepiou-se com a sensação de déjà vu, reconhecendo-a de múltiplos sonhos passados. Sentiu o sangue a fugir-lhe do cérebro como se estivesse a flutuar. Atirou com duas notas para cima do balcão e saiu porta fora. A chuva caia forte em Lisboa. Ela não lhe telefonou.
Monday, January 25, 2010
il vico
Fim de semana passado entre o delírio da febre e o torpor provocado pelo antigripal... que desperdício de vida.
Wednesday, January 20, 2010
Madrid me mata
Eu odeio ir e vir a Madrid num mesmo dia. Odeio o despropósito do sono interrompido às 5h30 da manhã para apanhar o avião. Detesto o ambiente do aeroporto às primeiras horas da manhã. Faço caretas aos seres inúteis que exercem autoridade para nos deixarem passar incólumes no detector de metais. Rogo pragas aos “executivos” que pensam ser high-flyers porque viajam até à capital da “Ibéria” de semana a semana. Não suporto a prepotência de Barajas e os minutos que se passam a rolar desde a aterragem até à manga do T2. Não gosto dos taxistas madrileños, tão mais civilizados e asseadinhos do que os colegas de Lisboa. Vomito as pausas para “cafés-cortados” sem as quais os espanhóis não passam. Desdenho os “filetes de ternera” mal-passados que insistem em servir, como segundo prato, nos almoços profissionais. Desprezo as conversas crónicas sobre as reportagens que passaram nas têvês castelhanas.
Há anos atrás passei uma longa temporada a trabalhar em Barcelona. Apanhar o aviãozinho catita e pequenino da saudosa Portugália em cada 2ª feira era um charme. Ser recebido pelos, realmente gentis, taxistas catalães no El Prat e ouvi-los debitar as proezas do Figo, música para os ouvidos. Percorrer a Via de les Corts Catalanes enquanto os indígenas despertavam para mais um dia de “feina”, um prazer único. Comer um belo de um croissant pleno de influência francesa no Passeig de Gràcia, um deleite. Ouvir “bon dia” pelo início da manhã, um delírio.
Barcelona me encanta
Monday, January 18, 2010
Empty as a blank .ppt
Porque será que depois de ter passado o fim-de-semana quase inteirinho de volta de um .ppt (coisa que este consultorzinho já não tinha que fazer há muito tempo) me estou a sentir tão vazio?
Sunday, January 17, 2010
Das noites loucas de Lisboa (e da moda das botas altas)
Aqui a capital do rectângulo padece de noites peculiares de quando em vez. Tipicamente, quando se reúnem as condições propícias – meio da época de exames (?), primeiro sábado de temperatura amena e sem chuva desde o início da saison, e algum concerto menos mau no Coliseu – a fauna sai à rua.
Ontem, foi uma dessas noites: meia população de Lisboa na rua e a invasão dos bárbaros vindos dos subúrbios – já disse aqui que sou totalmente a favor de portagens à entrada da cidade?
Isto dá em três horas para se descer do Chiado até à disco da moda, o Bairro “lleno” de gentalha a querer experimentar o que mais parece um comício e muita gente feia nos locais do culto nocturno.
Ah, mas eu e a grupeta divertimo-nos à bessa com a nova moda das botas altas a que o povo no feminino se devotou este inverno. Ele há o parzinho de botas a passar do joelho (perna curta...), os belos dos botins que ninguém usaria senão para andar no campo (entre os animais, está certo...), as botinhas caneleiras mal ensebadas (que se usavam nos idos 80...), as de camurça demasiado largas (muito propícias para a temporada, sim senhora... e ao pé-frio) e, muito ocasionalmente, as que realmente assentam em pernas perfeitas, com não mais de dois dedos para o joelho (realmente giras...). Acho que não faltou muito para vermos galochas a circular (ou se calhar até sim... noutro sentido).
ps- ainda à volta com coisas de “gaja”... influências da blogosfera.
Thursday, January 14, 2010
Relatividade
Astronomers’ latest estimates put the age of the universe at about 13.7 billion years. That is three times as long as the Earth has existed and about 100,000 times the lifespan of modern humanity as a species. The true size of the universe is still unknown. Its age, and the finite speed of light, means no astronomer can look beyond a distance of 13.7 billion light-years. But it is probably bigger than that.
Nor does reality necessarily end with this universe. Physics, astronomy’s dutiful daughter, suggests that the object that people call the universe, vast though it is, may be just one of an indefinite number of similar structures, governed by slightly different rules from each other, that inhabit what is referred to, for want of a better term, as the multiverse.
In “As important as Darwin” published on August 15th, we said that no astronomer can look beyond a distance of 13.7 billion lightyears. This was incorrect. The universe has expanded during the 13.7 billion years that light has been zipping across it and, as a consequence, astronomers can see to distances of perhaps as far as 47 billion lightyears.
[The core of the spectacular globular cluster Omega Centauri glitters with the combined light of 2 million stars. The entire cluster contains 10 million stars, and is among the biggest and most massive of some 200 globular clusters orbiting the Milky Way Galaxy.]
According to a recent study, smoking kills an average of 55 Iraqis a day, compared to a current average of ten deaths daily from terrorist shootings or bombings. So the government argues that it is perfectly reasonable to outlaw smoking on public-health grounds.
The capital of Haiti, Port-au-Prince, suffered a devastating earthquake measuring 7.0 magnitude on Tuesday January 12th. Much of the city was flattened and at least hundreds-and probably thousands-of people have been killed.
Monday, January 11, 2010
ex-lovers (or something else)
R. foi a primeira “mulher” da minha vida, tínhamos 5 anos. Íamos casar, eu seria polícia da GNR com botas de cano alto e ela, já não me recordo. (Ainda hoje me dou com a R, encontramo-nos em jantares de colegas do colégio. Curiosamente, casou com um Ricardo e têm 2 filhos, acho eu)
M. foi a primeira “mulher” com quem “dormi”, era minha prima em 2º grau e explorámos o corpo um do outro, como só as crianças o sabem fazer. Era uma miúda linda, também atrevida, e fomos apanhados pela minha tia na troca de camas partilhadas num verão muito quente em São Pedro de Muel. (Não sei nada da M há muitos anos mas aposto que é feliz)
S. foi a minha primeira paixão. Eu achava-a mais bonita do que a Bruna Lombardi, que naquela altura estava na moda, mas não deu em nada. (Hoje somos bons amigos e encontramo-nos em jantares todos os anos. É também daquelas pessoas que nunca se esquece de me telefonar no meu aniversário)
C. foi a minha primeira “namorada de mão dada e beijos diários”. Era meio francesa e tinha o cabelo encaracolado. Não sobrevivemos às férias do verão.
M. foi o meu primeiro amor. Amor à séria, daqueles que se esperam retomar durante anos e que geram ciúmes às namoradas. (Está casada há uns bons anos também com um Ricardo e da última vez que estive com eles, iam no 3º rebento)
B. foi uma namorada estival. Era linda de morrer e adorava observá-la a dormitar na praia e beijá-la na varanda do Seagull, nas noites de festas. (Depois daquele verão, nunca mais tive notícias da B)
A. foi a primeira namorada do verão do desassossego, durou menos de um mês. (Não sei nada dela)
Seguiu-se a P. Éramos ambos animadores numa colónia de férias para miúdos e escapávamos para trás das dunas. Durou enquanto houve actividades.
Veio então a S., morena e vistosa de cabelo aos caracóis. Foi a minha primeira “namorada oficial” com apresentação aos pais e tudo. Namorávamos intensamente nas festas nocturnas pela Arrábida, isolávamo-nos em passeios de barco porque ela tinha carta de marinheiro e ensinou-me a fazer ski aquático. Também dávamos longos passeios a cavalo pela Serra. Nesta fase o namoro durou uns 3 meses e até sobreviveu ao meu devaneio adolescente de 2 semanas em Paris rodeado dos encantos das francesas.
Depois veio a R. Três anos de namoro sério, alguns mais apaixonados do que os outros. Oficialmente a coisa começou ao som de um slow do Phil Collins. Durou e durou, apesar das traições de parte a parte, dos ciúmes, das birras, dos beicinhos, das diferenças de opiniões bem vincadas sobre tudo aquilo que parece importante quando se chega à idade adulta. Parecia que era para a vida, porque então era aquela a vida. Terminou com a entrada para a universidade, embora tenha havido “retomares” vários e intenções ao longo dos anos. (Hoje ela vive no estrangeiro e apesar de morena tem uma filha loira, linda. Preocupamo-nos em saber um do outro, fazemos por estar juntos, mas muitas vezes pergunto-me se a nossa amizade não se deverá mais aos resquícios do que fomos, do que ao que somos no presente... tão diferentes)
Pelo meio, houve “uma noite só” com a E. num retiro espiritual, porque se proporcionou e o sentido de aventura assim o exigia. (Nunca mais soube nada dela)
Houve também a A. Sueca e talvez a miúda mais bonita que já conheci e que nem sequer foi “uma noite” mas mais uma madrugada. (Sim, gostaria voltar a encontrar)
Retomou-se então a S. anterior. Porque tinha que ser, porque para ela a história não estava fechada e eu, bem, eu precisava de acreditar. Naturalmente, não durou. (Não estou com a S há algum tempo mas lembro-me de a ter encontrado já casada, num casamento, e de ter ficado a pensar que poderia ser minha. Tenho a certeza de que é feliz, porque ambicionava felicidade)
Por esta altura surgiu a J. era amiga da S. Bastante mais nova do que eu, para aquela idade, e facilmente deslumbrável. Como tal, demasiado fascinada por mim e não podia durar. (Sou bom amigo do irmão dela, que é uma figura pública, e da última vez que me deu novidades da J. andava pelo mundo e mandava saudades)
Seguiram-se os anos das aventuras, apenas entrecortados pela M., namorada de 3 meses. Muito gira mas também demasiado miúda. (Deram-me notícias dela há pouco tempo, ia no 2º casamento)
Houve a M. e a N. numa noite de excessos na temporada em Barcelona. Houve a A., exótica, numa noite passada dentro do carro com os vidros embaciados. Houve a fixação pela G., espanhola que nunca me ligou de volta. Houve a S., diferente, que me ocupou o pensamento durante meses e se revelou uma desilusão.
Finalmente, na fase da procura pela estabilidade houve a S. Durou 4 anos, conhecemos parte do mundo junto e creio que fomos felizes a maior parte do tempo. Mas não estava destinado a ser o que, cada um por si, queríamos que fosse e por isso tinha que terminar.
E sim, este é um post demasiadamente nostálgico e também revelador ou íntimo (quase poderia ser de “gaja” – deve ser uma fase)... what’s next?
Wednesday, January 6, 2010
“Mulher moderna”
Ser mulher moderna em 2010 implica carregar nos ombros um século de emancipação, mais coisa menos coisa. Ter sido melhor que os rapazes na escola. Ter competido e ganho a outras miúdas na universidade. Ter conseguido passar as entrevistas no masculino na procura do emprego. Ser capaz de pensar, analisar e chefiar no trabalho. Entender as entrelinhas. Gostar de moda. Gostar de pintura no rosto. Gostar de saídas nocturnas. Conhecer as músicas que estão a dar. Gostar de dançar. Deixar as bebidas brancas. Aprender a gostar de um bom vinho. Gostar de comer pouco. Saber estar. Saber conversar. Deixar de chorar no cinema. Ter um blog e/ou muitos amiguinhos no Facebook. Viajar. Folhear revistas fúteis mas não só. Estar a par. Filtrar olhares. Flirtar sem acomodar. Distinguir piropos de palavras sinceras. Saber resistir. Gostar de experimentar. Saber jogar. Gostar de gostar. Conseguir apaixonar. Deixar-se apaixonar. Saber fingir. Amar. Saber perder. Tomar a iniciativa. Voltar a perder. Sofrer. Saber sofrer. Deixar de gritar. Abdicar. Ser amiga. Perder o orgulho. Reconquistar. Voltar a amar. Resistir a pressões. Eliminar o factor tempo. Ser séria. Ser divertida. Ser criança como nós gostamos. Mimar. E tudo isto, não necessariamente por esta ordem, compensa? Elas lá saberão...
Tuesday, January 5, 2010
Mad Men
Roger: “I know marriage isn’t a natural state, but you do it.”
Don: “Why?”
Roger shrugs: “Kids?”
.
Don: “Why?”
Roger shrugs: “Kids?”
.
Monday, January 4, 2010
Seagulls
Morava a dois passos do Tejo e despertava em cada manhã com os guinchos das gaivotas. Ainda de pijama gravava cuidadosamente o CD do dia que escutaria a partir do pôr-do-sol. As tardes passava-as a deambular por Lisboa, entre lojas, lanches com as amigas, visitas a galerias e exposições de fotografia. Por vezes fazia-se acompanhar da máquina fotográfica de filme que usava em ruas e vielas da cidade ocre ou em miradouros com vista para o rio. Tinha um mini descapotável verde que a levava para todo o lado e também para os antros da noite onde sempre conhecia um novo amor. Homens que rapidamente se deixavam seduzir pelo seu olhar de miúda-mulher e que sem acanho a convidavam para os seus apartamentos de solteiros. E com eles fazia amor, carinhoso mas ardente, pelas horas intermédias da noite. Inevitavelmente, ela deixava-os no leito ainda noite escura, saindo de mansinho e substituindo o seu corpo pelo CD gravado naquela manhã.
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