Monday, December 26, 2011

O chá (e a falta dele) ou o efeito do tempo e as dimensões

Tudo parece diferente com o passar do tempo. Reconhece-se a cidade de que gostamos, reconhecem-se os pormenores encantadores mas as dimensões parecem diferentes. É uma sensação estranha quando chegamos ao presente, passado tanto tempo fora. As coisas e os sítios permaneceram nos seus lugares mas as visões que nos oferecem são distintas. Não sei se foi assim que o “tio Alberto” percebeu o significado da relatividade mas lembra-me a sensação do reconhecimento acelerado quando chegava a Lisboa depois das férias de verão prolongadas, passadas entre a praia e o norte. Como que a querer completar o reconhecimento, passo horas a tentar arrumar objectos que marcam a minha vida. Passei muito tempo fora de casa ao longo do último ano e foi bom. Já não tenho mais espaço para os livros e percebo que tenho muitos marcados a meio, em leituras deixadas para trás – gostaria de os completar, mas falta-me o tempo. Quando a noite começa a vencer o dia – cedo demais para o que estou habituado – oferecem-me chá que já não provava há quase um ano. Adensa-me as memórias, mesmo das últimas vezes maravilhosas em Lisboa, e acalma-me as perspectivas, como um remédio que me faz desvanecer o cansaço.

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