Wednesday, June 27, 2012
le vert interminable
Rumo a norte. Destino Bogotá. Invisto uma tarde a espreitar pela vigia de um avião. Recompensa-me compreender a dimensão da coisa. É tão grande quanto um oceano, a espaços cortada por rios que podem ser, ou não, o maior. Horas e horas disto, numa imensidão e constância que me deixam com vontade de voar lá em baixo rente às copas, para não perceber as navalhadas da presença humana. Já me tinham dito a verdade, há poucas visões assim, que nos permitem tirar as medidas à Terra.
Friday, June 22, 2012
An Englishman in New York
What do you want to do?
What do you mean?
If you could choose anything in the world right
now, what would you do?
I'd be seeing you
In our familiar
places
That this
heart of mine embraces
All time
through
In that nice
hotel
The road
across the way
The comfortable
cushions
The moving ashtray
The large
pillows
I'd be seeing you
In every
lovely Summer's night
In everything
that's light and gay
I'd always
think of you
I'd find you
Smiling in between
my long fingers
And when
the was night news
I'd be
looking at the future
But I'd be seeing you
Monday, June 18, 2012
Acertar (filosofia de ponta)
Todos queremos acertar em
alguma coisa na vida. O problema de acertar não é tanto a pontaria, é sabermos,
no momento certo, que acertámos em cheio. Se chegámos aqui, ao ponto certo, o
desafio passa a ser conservar, que é um verbo estranho porque me faz lembrar atum.
Sunday, June 17, 2012
A balcanização dos meus sonhos
Conheço uma parte ínfima dos Balcãs. Atenas, o Pireu e duas
ilhas que já são do Egeu. Gostei de todos os Gregos que conheci, da Marousso, do
Yiannis, de uma Sophia simpática, de um guia prestável que conduzia que nem um
louco pelas estreitas estradas de Santorini e do gordo farfalhudo que me serviu
uma das melhores composições de peixes grelhados que já comi na vida, enquanto sorria
com piadas arranhadas em inglês e olhava o Mediterrâneo. Eu gosto bastante do
Mediterrâneo, enquanto conceito e como um mar que mais parece um lago de
afinidades. Não gostei particularmente da Grécia continental que conheci,
pareceu-me feia, suja e ainda mais desorganizada do que as terras que agora me
acolhem. À parte a Acrópole de Atenas e a respectiva Pláka, que possui um carisma
de influência austro-húngara com cafés de esplanadas simpáticas e pianos a
tocar Brahms, pareceu-me um país decomposto pela influência turca. Dos turcos a
minha memória guarda um estereótipo de gente gorda, suada e antipática, mas provavelmente
nem é nada assim, ainda não fui lá verificar.
Back to the point. Há não mais de um mês atrás, sonhei com este pedaço
impecável de urbanismo, em forma de anfiteatro helénico, perfeito, debruçado
sobre o Mediterrâneo, onde passeava de mão dada com o amor da minha vida,
desfrutando da melhor composição de edifícios à beira-mar plantados numa
conjugação de vida civilizada e do azul conjugado com o branco das pedras. Estávamos
de férias, felizes com a mão de um dada à do outro. Podia ser um pedaço da
Croácia, da Macedónia ou da Bulgária. Seguramente ali, no meu sonho, não havia
latim, que é o que distingue os Balcãs do resto do mundo civilizado. Na última
noite regressei aos Balcãs, num sonho confuso de jeep na praia em busca de uma
qualquer quimera, e a carripana pesada teimava em enterrar-se na areia espessa
e seca. Enquanto eu abria folga aos pneus, daqueles com uma espécie de torneira
metálica nos tampões, alguém lá dentro mostrava-se impaciente. E de repente,
sem aviso, o subconsciente transportou-me para um táxi manhoso, com um condutor
que não entendia a minha espécie de latim para o destino que eu queria, para
uma reunião de trabalho urgente para salvar tudo. Estávamos perdidos,
seguramente numa cidade da Grécia, em ruas que calcorreavam o mar único.
Tuesday, June 12, 2012
Arigatō (有難う, descomplicar isto)
O que é então o amor?
Para mim, é quando não há cá mais “obrigados” e tudo
se faz, se diz e se sente sem obrigações.
Friday, June 1, 2012
Escuta
Escuta-me. Não nos
perdemos. Isso já não é viável. Um dia, lá no passado, conheci um tipo chamado
Phil. Era um personagem rude, nascido e criado no interior do país, onde as
montanhas alcançam as nuvens. O Phil era um sonhador. Um dia, enquanto
partilhávamos o sol de Julho, estendidos na relva verde e crescida, num barbecue
enfeitado de gente interessante, contou-me a sua história. O Phil tinha feito
uma escolha. Melhor, o coração do Phil tinha decidido apaixonar-se por uma
oriental, que eu imagino de olhos amendoados, que conhecera na Califórnia.
Contou-me que a Kim, que ele pronunciava a morder o “m” com os lábios, era a
miúda mais bonita que conhecera em toda a sua vida. Contou-me que com a “Kimm”
atravessava muitas vezes a ponte de ouro, para a margem norte, e que encostavam
o descapotável na beira da estrada quando encontravam um prenúncio da natureza longe
dos sinais da civilização para estenderem uma manta de piquenique e ficarem
abraçados a observar o céu. Perscrutavam as tardes até surgirem as primeiras
estrelas, muito quietos, trocando palavras sobre o que sentiam um pelo outro.
Disse-me que era assim que descobriam o amor.
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