O certo é quando dás por ti
a lavar a loiça com um sorriso generoso reflectido nos quadrados de vidro. O
correcto é tudo o que queres daqui para a frente com o coração a bater
excitado.
Wednesday, September 26, 2012
Sunday, September 23, 2012
Sábado post scriptum
Acordou nas mãos maravilhosas
dela. Perdido. Acariciado. Deambulou pela cidade, de Sul para Norte, pelo
Centro. Explicou as paralelas e as perpendiculares. Almoçou italiano, diante do
outro, a recordar a outra vez ao som do pizzicato do contrabaixo de serviço e a
sonhar com a Cello. Cielo. Acelerou rumo ao Sul desfazendo o “dia sem carro”
por entre o mar de bicicletes incautas. Jantou árabe com pressa de chegar. Deitou-se
sem sono à espera do despertar.
Monday, September 17, 2012
Portugal visto à distância… cuecas amarelas
Por uma vez curioso, repus
a emissão da RTP1 no iPad para ver as imagens do que se teria passado ontem nas
manifestações a que os jornais daqui não fazem referência (mas falam das da
Catalunha). Encarnando o alienígena foquei-me no monólito enquanto o telejornal
mostrava os cartazes com dizeres ofensivo-engraçados e os meus conterrâneos vestidos
de verão e parecendo ainda mais extraterrestriais do que eu, enquanto ponderava
a falta que, eventualmente, ali faziam uns tipos de camisas-às-risquinhas ou
monogramas no peito e barbas bem-feitinhas ou uns quantos padres de batina
engomada. Na figura de estilo sucinta, o problema geral das manifestações é que
acabam menos democráticas do que o parlamento que pretendem insultar. Faltam
ali indignados representantes das classes A e B, esses que realmente têm a
capacidade de fazer mudar o rumo. Há lá marinheiros, mas prima a ausência dos
que verdadeiramente conseguem transformar: armadores, comandantes e,
essencialmente, navegadores. Ao contrário do aspiram os ditados, não há na
História quase milenar da Nação uma mudança como a sugerida que tenha sido
conduzida pela arraia-miúda. Isso dos “sans-culottes” é para países com outras
tradições de lingerie para além das cuecas amarelas. Para mim, isto ficou claro
com os discursos balbuciados dos entrevistados pela televisão, por agora
estatal, que certamente chumbariam na PGA. Convençam os privilegiados de boxers
a cantar o “Nós só queremos…” e aí pode ser que alguma coisa mude. Até lá,
deixemo-nos de idealismos porque alguém tem que pagar a conta, primeiro. Custa
e pode até doer, mas ninguém vos obrigou a gozar o pratinho dos últimos 20
anos.
Friday, September 14, 2012
iPlano vs. usPlano (nonsense post)
Enquanto adormece eu
passo-lhe os dedos sobre o rosto, carinhosamente, na superfície plana de
sílica. Os tipos inovadores da maçã ainda não inventaram o iTouch realmente
perfeito para transmitir o toque de cá para lá e também o iSmell para me chegar
o perfume de lá. iAbéculas os tipos que ainda não chegaram à fórmula certa do
usPlano e por agora é iPlano por concretizar, e a espera pela posição correcta dos
planetas.
Tuesday, September 4, 2012
Escreve-me uma história gira...
Quase a adormecer ela pediu-me “Escreve-me uma história
gira...”. E a história surgiu-me enquanto pendurava umas quantas camisas,
saídas da máquina, no estendal.
A casa do alpendre de madeira grande ficava no sopé de
uma montanha verde que se erguia sobre o mar. Batida pelo vento quente da manhã
e refrescada ao final da tarde, da casa partia um caminho estreito pela encosta
abaixo para a praia escondida. Na areia branca e macia as espreguiçadeiras confortáveis
e protegidas do sol por um chapéu enfeitado de palha. O mar de ondas sem espuma
quase chegava à posição daquele recanto. Estendi-me na toalha azul bonito e
compus a do par ao lado. Fiquei a olhar o movimento da água entre os pés
bronzeados até a ver sair do mar no biquini perfeito, a espremer o longo cabelo
meio embaraçado por entre o snorkel. Encostou-se a mim e envolvia-a num abraço
molhado enquanto me mostrava a fotografia na câmara à prova de água.
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