Ao contrário do que postulou
Maslow a pirâmide das necessidades deu lugar a uma esfinge de sorriso rotundo (pelo
menos nos tempos que correm). A sociedade sobrevivente ao pós-modernismo e às
consequências da globalização está apanhada entre a futilidade de sentir que
pertence a um sistema que funcione (com causas cíclicas e conhecidas) e a
morbidez de saber da vida do vizinho. Com os tempos difíceis, passámos do
sentido da responsabilidade social para o “salve-se quem puder” (em menos de um
fósforo). Sem mais mundo para explorarmos, entretemo-nos a especular sobre a
vida dos outros na esperança de que seja mais interessante do que a nossa (escrevo
no plural mas orgulho-me de não ser assim, com distanciamento). É este o novo
topo da pirâmide ou o sorriso matreiro a que chegámos, o vício de espreitarmos
pela fechadura e ficarmos a conjecturar se o parceiro do lado terá um défice de
ordem mental maior do que o nosso. Somos verdadeiros espetadores, sem “c” (na realidade
parva do novo acordo ortográfico).
1 comment:
Texto enigmático e cheio de referências ao Egito :D o país com a gente mais bonita do mundo!
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