Por uma vez curioso, repus
a emissão da RTP1 no iPad para ver as imagens do que se teria passado ontem nas
manifestações a que os jornais daqui não fazem referência (mas falam das da
Catalunha). Encarnando o alienígena foquei-me no monólito enquanto o telejornal
mostrava os cartazes com dizeres ofensivo-engraçados e os meus conterrâneos vestidos
de verão e parecendo ainda mais extraterrestriais do que eu, enquanto ponderava
a falta que, eventualmente, ali faziam uns tipos de camisas-às-risquinhas ou
monogramas no peito e barbas bem-feitinhas ou uns quantos padres de batina
engomada. Na figura de estilo sucinta, o problema geral das manifestações é que
acabam menos democráticas do que o parlamento que pretendem insultar. Faltam
ali indignados representantes das classes A e B, esses que realmente têm a
capacidade de fazer mudar o rumo. Há lá marinheiros, mas prima a ausência dos
que verdadeiramente conseguem transformar: armadores, comandantes e,
essencialmente, navegadores. Ao contrário do aspiram os ditados, não há na
História quase milenar da Nação uma mudança como a sugerida que tenha sido
conduzida pela arraia-miúda. Isso dos “sans-culottes” é para países com outras
tradições de lingerie para além das cuecas amarelas. Para mim, isto ficou claro
com os discursos balbuciados dos entrevistados pela televisão, por agora
estatal, que certamente chumbariam na PGA. Convençam os privilegiados de boxers
a cantar o “Nós só queremos…” e aí pode ser que alguma coisa mude. Até lá,
deixemo-nos de idealismos porque alguém tem que pagar a conta, primeiro. Custa
e pode até doer, mas ninguém vos obrigou a gozar o pratinho dos últimos 20
anos.
2 comments:
É que não há pachorra!
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