Saturday, April 23, 2005

keep it simple

Um dia pensei tornar-me simples, desisti… tive medo de deixar de ser humano.
- by nídio amado



É bem verdade: progresso rima com complexo.

Pergunto-me muitas vezes o que faria um espécimen culto dos tempos actuais se recuasse uns séculos. Assim tipo, um engenheiro com um mínimo de conhecimento sobre os princípios do motor / máquina a vapor, teletransportado (ou será tempotransportado?) para a Idade Média. Arranjaria uma panela e alguma forma de a vedar – muito bem! Deixaria a água ferver até se transformar em vapor e depois tentaria canalizá-la para um pistão. Pistão? Mas que raio significa um “pistão” em plena Idade Média!? Como construir um pistão / êmbolo sem as técnicas de fundição que demoraram centenas de anos a aperfeiçoar?

Mais complexo? Electricidade. Vamos lá então tentar produzir (sem falar no dar uso a) energia eléctrica na época dos imperadores romanos. Pois é fácil, faz-se um papagaio de papiro, aguarda-se por uma bela tempestade de trovoada e lança-se o dito cujo preso com fio de arame. Fio de arame, no tempo dos romanos? D’oh! Como raio se faz um simples fio de arame levezinho!? Pelo menos não há choques para ninguém, valha-nos isso. (Excluo a hipótese de produzir energia eléctrica a partir de um moinho de vento ou de água porque um Dínamo é ainda mais complexo de arranjar)

Menos complexo? A Roda na pré-história. Pois, é só arranjar um pedacinho de pedra jeitoso e lascar a coisa durante uns meses largos – enquanto o companheiro do lado se dedica a desencantar alimento para o pretenso engenhocas – até se conseguir um fabuloso monociclo. Serve para quê, mesmo?

Ora se o bom do Leonardo da Vinci, ou outros génios anónimos, foram tempotransportados, devem ter sido cá uns frustrados.
Não passamos de uns simbióticos, inteiramente dependentes do supermercado da esquina e dos produtos made in China, quais formiguinhas alojadas num torrão de areia.


1 comment:

Nídio Amado said...

Já não me lembrava que tinha escrito essa frase... ainda faz todo o sentido.