Tomou a 215, depois a 95 e cortou para a 93. Sintonizou uma rádio que passava ópera e aumentou o volume enquanto percorria as curvas e contra-curvas sob o bafo do calor da manhã, com a capota aberta. Observou as montanhas que o rodeavam, sentindo-se cercado por fora e apertado por dentro. Atravessou a Hoover Dam e estacionou do outro lado. Saiu do carro pisando a gravilha do Arizona. Caminhou lentamente até ao meio da estrutura e debruçou-se sobre o precipício de betão. Ficou ali parado, por longos minutos, fixado na torrente de água que saía das turbinas à sua direita, a pensar em como ali havia chegado. Amor descoberto com profundidade, prazer inusitado, carinho desmesurado por parte daquele ser, único e tão perfeito. À medida que lhe começou a doer o peito, encostado com força ao parapeito, apercebeu-se que já não lhe recordava o rosto, como queria, e sentiu-se sem ar.
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