Nunca fui tão infeliz como naquela noite. Perdidos no meio do Yunnan, desidratado por uma violenta intoxicação alimentar que a dimicina insistia em não debelar, num estranhamente moderno hotel encerrado entre muralhas, decidiste rejeitar-me, pôr-me na ordem e mandar-me de volta para a minha cama, naquele quarto que era só de nós dois. Creio que chovia lá fora, e eu sob o torpor do meu mal-estar físico, passei a noite acordado, a soluçar para dentro, para que não me ouvisses, e a desejar que o meu mundo acabasse ali mesmo, sem contemplações. A pensar, exageradamente, que nada mais fazia sentido. Que não queria voltar a ver o sol nascer. Que não merecias que alguém gostasse assim tanto de ti e que eu não merecia aquele sofrimento atroz. E então, para meu espanto completo, quando a lua já ia alta no sudoeste asiático e a chuva tinha, finalmente, parado de cair, deste por mim, e vieste deitar-te sobre o meu corpo e dormimos juntos aquelas horas que restavam.
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