Monday, March 15, 2010

Paris 1989

Nunca fui tão feliz como naquele verão em Paris. O meu pai tinha um apartamento alugado sobre o Sena e eu um passe RATP que me deixava deambular por toda a cidade de “Mêtro”, autobus ou RER. Na flor da minha adolescência, com francês suficiente para impressionar e mesada paga em francos, era livre e fiquei a conhecer a capitale du monde como poucos. Eles celebravam o bicentenário da revolutión com espectáculos e festividades improvisadas e eu possuía um walkman com as duas cassetes do ao vivo “Supertramp à Paris”. Perdia-me entre as novidades dos Les Halles, viajava furiosamente até à La Défense, “papava” os filmes 3D na Géode, passava tardes no jardim do Rodin, invariavelmente, escalava a Eiffel ou observava as gentes nas corridas de Longchamps. Os almoços eram, normalmente, compostos de croque-madame, acompanhados de Orangine, os pequenos-almoços de croissants não mergulhados no café-au-lait, e os jantares experimentando os restaurantes exóticos do Quartier latin. Na biblioteca da La Villette ou no Pompidou, em que se entrava à borla, trocava conversas com belas francesas da minha idade, enquanto assistíamos às exibições de jograis ou músicos africanos. Paris 1989.

2 comments:

eu... said...

Bem, agora recuei uns anos, era de certeza bem mais nova que tu :)
Tantas tardes que eu passei na La Villette, à volta da Géode... As bolhinas da Orangina a estalar na boca, o réglisse que eu hoje acho intragável e a manteiga dos croissants nos dedos.
Estou oficialmente com saudades.

Ricardo said...

Yep, em Portugal nesses tempos havia a Laranjina C, mas não era bem a mesma coisa!