Telefonam-me do além-mar, da terra comprometida, e pedem-me para “dar” uma entrevista para um pasquim nacional em formato de revista, daqueles que mesmo com imensa tiragem, eu só folheei em formato entrega gratuita no lounge do aeroporto – Eu, duplamente arrogante e famoso q.b., já tenho a minha quota-parte de entrevistas dadas a melhores formatos que merecem o desperdício das nossas árvores transformadas em papel; Eu, em formato imaginário de “alcancei o que queria”, já só daria palavras para a Economist e à Monocle intelectual.
O tema assemelha-se-me repetitivo: as percepções de um “jovem” “talento” fora de portas – note-se agora a modéstia implícita nas aspas ao quadrado. Naturalmente, peço que me enviem um guião que me permita ponderar as palavras que vou traduzir na longitude telefónica. Depois, fico a pensar no assunto, e se posso ser diferencial, que é como quem diz contrário e “politicamente incorrecto” a tudo o que tenho lido sobre os paraísos dos destinos fora do rectângulo à beira mar plantado.
Apetece-me dizer-lhes que Portugal é comprovadamente maravilhoso, que não há nada melhor do que o sol de lá, mesmo em pleno inverno. Apetece-me dizer-lhes que existe realmente um sentido de profundidade nos velhos que se sentam nos jardins e na esperança dos bebés que enchem os carrinhos respectivos. Apetece-me dizer-lhes que embora existam nações com mais razões do que a nossa, a terra-mãe que subliminarmente cheira a um misto de amêndoas e azeitonas boas consegue ser do melhor que há. Apetece-me dizer-lhes que nestes destinos para onde a juventude aventurosa e geneticamente despreocupada parece querer embarcar, existem coisas boas sim senhor, para experimentar, mas que depois não há nada capaz de substituir as amêijoas devidamente temperadas com coentros e saboreadas à beira do dito mar. Por uns minutos troco ideias com uma amiga deslocada para um outro destino meridional e acabamos a conversa com a palavra saudade, que eu acho que dava um verbo muito melhor do que o fado como obra protegida da humanidade – note-se o “h” pequeno. Estive em Lisboa e em algumas partes mais profundas do país que temos e não constatei a desgraça como gostamos de afirmar. Aqui, faz-me falta gente interessante, capaz de me estimular e não me posso esquecer de pedir para me transcreverem na velhinha ortografia do Camões.
É o que eu sinto. Vamos ver o que eu digo – melhor, o que os aldrabões dizem que eu digo censurado – no pasquim de sexta-feira!
O tema assemelha-se-me repetitivo: as percepções de um “jovem” “talento” fora de portas – note-se agora a modéstia implícita nas aspas ao quadrado. Naturalmente, peço que me enviem um guião que me permita ponderar as palavras que vou traduzir na longitude telefónica. Depois, fico a pensar no assunto, e se posso ser diferencial, que é como quem diz contrário e “politicamente incorrecto” a tudo o que tenho lido sobre os paraísos dos destinos fora do rectângulo à beira mar plantado.
Apetece-me dizer-lhes que Portugal é comprovadamente maravilhoso, que não há nada melhor do que o sol de lá, mesmo em pleno inverno. Apetece-me dizer-lhes que existe realmente um sentido de profundidade nos velhos que se sentam nos jardins e na esperança dos bebés que enchem os carrinhos respectivos. Apetece-me dizer-lhes que embora existam nações com mais razões do que a nossa, a terra-mãe que subliminarmente cheira a um misto de amêndoas e azeitonas boas consegue ser do melhor que há. Apetece-me dizer-lhes que nestes destinos para onde a juventude aventurosa e geneticamente despreocupada parece querer embarcar, existem coisas boas sim senhor, para experimentar, mas que depois não há nada capaz de substituir as amêijoas devidamente temperadas com coentros e saboreadas à beira do dito mar. Por uns minutos troco ideias com uma amiga deslocada para um outro destino meridional e acabamos a conversa com a palavra saudade, que eu acho que dava um verbo muito melhor do que o fado como obra protegida da humanidade – note-se o “h” pequeno. Estive em Lisboa e em algumas partes mais profundas do país que temos e não constatei a desgraça como gostamos de afirmar. Aqui, faz-me falta gente interessante, capaz de me estimular e não me posso esquecer de pedir para me transcreverem na velhinha ortografia do Camões.
É o que eu sinto. Vamos ver o que eu digo – melhor, o que os aldrabões dizem que eu digo censurado – no pasquim de sexta-feira!
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