A mente prega-nos cada partida! Não é que sonhei contigo e acordei (sem vontade de acordar) com um sorriso parvo. Basta propor um estímulo minimamente plausível e os neuróticos dos neurónios arranjam logo uma panaceia irresponsável. Fazia sol (e hoje até choveu lá) e tu chegavas ao encontro marcado, com um sorriso aberto e lindo. Muito descontraída e com um andar afirmativo. Eu não sabia se eras tu mas, está claro, tu sabias ao que vinhas, confiante, arranjada mas não pretensiosa. Simpática, cumprimentaste-me – “Olá Ricardo”, e disseste-me o teu nome. Sentaste-te ao meu lado e, antes de tudo, inquiriste a empregada sobre o bolo do dia que encomendaste juntamente com um chá exótico, olhando para mim pelo canto do olho. E eu ali parado e fraco, estarrecido com a situação, embevecido com a novidade, a tentar manter o fluxo de oxigénio dos malditos neurónios. E falámos, muito tempo e muito, sem nos atropelarmos e sem nos colocarmos as questões idiotas a que os recém-conhecidos se dedicam. Mais no presente do que sobre o passado. E era como se tudo encaixasse, como se estivesse destinado a ser assim mesmo. E em segundo pensamento, eu reparava como eras giraça: o rosto delicado, o cabelo loiro bonito, os olhos encantadores semi-escondidos pelas pestanas e aquele sorriso magnífico. E notava que, mesmo não parecendo surpreendida, também tu gostavas do miúdo que tinhas pela frente a ganhar confiança. E sem medo, agarrei-te ao de leve na mão, por debaixo da mesa, para comprovar a compatibilidade que como sei começa com a facilidade do toque e o sentir agradável do contacto da minha mão na tua mão. E eu, miúda, que nem sou muito de me lembrar dos sonhos, estou para aqui a recordar a partida que os sagrados neurónios me pregaram (e a matar mais alguns com 0,9 mg de nicotina), novamente com um sorriso parvo enquanto escrevo isto, e a encomendar-lhes a cena dos próximos capítulos.
1 comment:
You're sweet as Easter :-) Kisses.
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