Eu lá sou miúdo de ídolos e cultos... mas se me dessem a escolher conhecer, conversar, discorrer longamente, tranquilamente, com alguém, nem hesitava: Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, 102 anos vividos a criar eternidades num tempo que já não está para estas causas. Senador da Humanidade, por direito próprio – digo eu! – é para além de um grande Arquitecto, o verdadeiro pensador, com quem eu trocaria alegremente a vida vivida. Atente-se na perspicácia (contraditória quanto basta) do Senhor:
“Na vida, nada é importante, somos pequenos demais em relação ao Universo.”
“Não me sinto importante. Arquitectura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com optimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral.”
“Não é o ângulo recto que me atrai. Nem a linha recta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo. O Universo curvo de Einstein.”
“Acho o optimismo uma coisa ridícula, uma coisa que não leva a nada. Nós não queremos o niilismo, mas queremos uma vida dentro do que existe, não é? É duro, mas existe realismo.”
“Sou pessimista diante da ideia de que o homem, quando nasce, já começa a morrer... é preciso, então, aproveitar o lado bom da vida, usufruir o melhor possível e aceitar os outros como eles são. Sempre digo: o importante é o homem sentir como é insignificante, é o homem olhar para o céu e ver como somos pequeninos.”
“Todo mundo tem um lado bom e um lado ruim. O homem nasce numa lotaria: é bom, é ruim, é inteligente ou não. Se a gente aceita este facto como uma condição inevitável, a gente tem de ser mais paciente com as pessoas, aceitá-las como elas são.”
“Acredito na natureza: tudo começou não se sabe quando nem como. Eu bem que gostaria de acreditar em Deus. Mas não. Sou pessimista diante da vida e do homem.”
“Quando eu estava em Paris, andava sempre com um grupo do qual fazia parte um cientista, um físico muito inteligente que tinha sido incumbido de estudar a lua, no laboratório em que trabalhava... nos mostrou pedrinhas brancas da lua. O engraçado é que era uma pedrinha como outra qualquer. Tive vontade de ficar com uma daquelas pedrinhas...”
“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.”
2 comments:
Ricardo, tu sim és inspiração. beijinho
há homens e homens...e alguns mais próximos dos "deuses" ;)
sábias palavras.
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