Final de dia na praia, com algum vento vindo do noroeste. Eu a ouvir Wim Mertens – Stratégie de la Rupture no iPod. Vejo-os aproximarem-se. Ela de vestido azul. Ele de calção de banho e t-shirt encarnada. Vejo-os encontrarem-se. Beijam-se nas faces. Ficam ali, a dois metros da água. Falam muito, devagar, um com o outro. Pés fixos, semi-enterrados na areia. A maré vai subindo. As gentes vão abandonado a praia, à medida que o vento começa a levantar areia. Eles recuam meio metro e voltam a fixar os pés na areia molhada. Observo-os. Continuam a falar, uma vez um, depois o outro. Ponho o Wim em repeat. Falam mais e ela começa a chorar. Ele olha-a com ternura e coloca a mão direita sobre a cintura, nas costas dela. São jovens, vinte e poucos anos. O mar cobre-lhes os tornozelos. Ela leva as mãos à água e passa-as pelos olhos, para disfarçar as lágrimas. Falam mais um pouco. Despedem-se com mais dois beijos. Ela diz-lhe qualquer coisa e começa a afastar-se. Passa à minha frente, claramente triste e com vontade de chorar. Ele fica a olhá-la enquanto ela se afasta, ele com os pés ainda enterrados. Muito tempo, enquanto ela desaparece pelo meio da praia. Ele vira costas e corre pela areia, direcção sul.
1 comment:
E pelas palavras vêem-se as imagens!
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