A luz das velas reflectidas sobre a pedra. Mais o wok e um
Carménère servido nos copos escolhidos. Ela fabulosa de cabelo solto diante dele,
com aquela expressão apaixonada, não disfarçável, de quem soltou um monstro:
- Ensinei-te a cozinhar bem, não foi?
- Aprendi muito mais do que isso contigo.
- Sim, o quê mais?
- O amor. A amar de verdade, foi isso o melhor que me
ensinaste. Isso sim, é-me útil porque me faz sentir vivo.
- Miúdo, és tão lamechas! Do pior que já concebi. Beija-me…
E debruçavam-se os dois, sobre a bancada para um beijinho
selinho, significativo e cheio de sentido.
- Está bom?
- Gosto muito. Estás cada vez melhor, nisto.
- Papardelle e lombinhos de salmão, com um fio de azeite e
um pouquinho de “Cholula” trazido do México, a pensar em ti.
- Muito bom! Estás a tornar-te num cozinheiro exótico,
especial com as especiarias.
- Nah! Tu é que me fazes sentir especial, todos os dias. Queres
repetir?
- Não. Estou bem. Estava óptimo, mas não gosto de
repetições.
- Ah… então sou eu quem vai ficar gordo!
- Tudo bem, depois faço-te festinhas na pancinha…
E ela aprumava os lábios para um “chuuuac” pertinente.
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