Wednesday, February 29, 2012

Concentrado

Concentro-me na fina camada em que conhecer a miúda excepcional se transforma magicamente em amor.

No espaço concentrado, muitas vezes durante o dia, e ainda mais intensamente quando me deito e quando acordo, sinto o significado do abraço perfeito e das mãos dadas no caminho de areia para a palhota.

Em concentração, hoje apercebi-me das vantagens e da vulgaridade de saber falar inglês, espanhol, um pouco de francês e várias formas de português para as conversas da noite, sem qualquer futilidade no coração.

Para este concerto não me faz falta o botão, mas falta-me o controlo remoto para transformar toda a magia em realidade.

Em modo concentrado não gosto da bola no campo do lado de lá, porque se pode esperar uma eternidade pela resposta de()vida.

Concerto-me quando percebo que as interpretações equívocas podem provocar um sentido de confusão entre o passado e o presente.

Conserto-me quando passados 5 minutos do adormecer estou a sonhar com ela inteira, corpo e alma, a um palmo de mim, com calma e com tempo, abraçada a mim.

Sunday, February 26, 2012

O escrito preciso

Imaginar uma história de amor é fácil para quem aprecia sensações, o difícil é manter o escrito preciso quando se experimentou amor real e não se é capaz de perdê-lo…

Encontrámo-nos da melhor forma para quem procura uma realidade diferente de todas as que conheceu até então. A troca de ideias e o descobrir das personalidades antes de compreendermos a pessoa física que ensaiava palavras por detrás do pano, assegurou-nos a firmeza da espontaneidade. Acho que no dia em que decidimos personificar e entender a imagem que compunha o conto, já estávamos apaixonados, mesmo com a dúvida sobre como as peças sólidas se iriam encaixar. Naturalmente, como acontece nestas histórias ímpares, a parte dos corpos foi apenas um complemento para o que as almas já davam como seguro. Correu mal e tornou-se maravilhoso em crescendo. Isso e a dedicação que fomos impondo, atribuiu-nos pouco a pouco a certeza do que estava ali: um sentido do que ambos queríamos para a vida. Existiriam incompatibilidades, como em todas as histórias boas, existiriam incertezas sobre os sorrisos magníficos e preocupações sobre a capacidade da matéria se unir de uma forma tão perfeita, mas tudo seria temperado de forma única pelo contacto e efeito do tempo. Foi assim que forjámos o que está por vir.

Saturday, February 25, 2012

O jantar do Sr. Ministro e o quarteto de cordas optimista

Jantar no melhor restaurante de Lisboa na actualidade. Vieiras ainda mais deliciosas do que as que eu fui apurando e agora sei fazer, despretensiosamente temperadas com limão e um pouquinho de pimenta do moinho, sobre folhas de alface frisada.
Estabelece-se o reboliço com a chegada do Sr. Ministro e respectiva comitiva. Dois carros param lá fora. Quatro capangas ocupam o espaço à entrada, a observarem atentamente os comensais, como se alguém quisesse fazer mal ao Sr. Ministro. Este despe o sobretudo e entra por ali a dentro como se fosse Sua Majestade. Há uns tempos atrás seria um simples advogado do Porto a matar saudades, agora parece apostado em gozar a prepotência do cargo. E lá fora, ficam os bólides parados em 2ª fila com os piscas a incomodar a janela.
Barzinho novo na cidade. Um quarteto de cordas inspirado e gente a desfrutar de uma ideia diferencial que fazia cá falta. Estou sempre a pensar que Lisboa e Portugal no seu todo não têm massa crítica para certos conceitos e negócios. Gosto de me surpreender quando compreendo que afinal há público e gosto para coisas que só supunha resultarem lá fora. Com este fecho e com o sol maravilhoso destes dias, parto optimista com o futuro do país.

Friday, February 24, 2012

Como se explica a alguém o sentido de amar?

E ontem, descobri este novo desafio que eu julgava resolvido: Como se explica a alguém o sentido de amar?

Primeiro, amar é indiscutivelmente um sentido bom. Sem confusões nem perdições, porque quem ama não se sabe perder.
Amar é libertador e faz-nos deitar cá para fora tudo o que verdadeiramente desejamos, com sentido e de forma transparente.
Amar dá-nos vontade de expressar, de forma artística ou mais prosaica, em palavras conjecturadas, verbalizadas ou escritas, mas cheias de sentido, e em gestos próprios decifráveis apenas pela pessoa para quem fazem todo o sentido.
No amar, os pormenores dedicados são importantes e transformam-se em símbolos que dão sentido à vida.
Amar implica acreditar que aquela outra alma não é apenas única mas excepcional, sem paralelos nem comparações passadas sem sentido.
Amar não tem um sentido difuso, não é uma direcção que se escolhe mas sim uma que se vai descobrindo, passo a passo de forma segura. E com isto quero dizer(-te) que o sentido de amar é construir vida, sabendo que vão existir momentos incertos, tempos de menos sorrisos e que também nestes estamos cá para aprender e voltar a recuperar, reconstruir, e reencontrar o sentido.
Enfim, amar faz todo o sentido, como é fácil de entender.
Ah, e vale mesmo tudo o que decidiste investir.

Wednesday, February 22, 2012

A noção do estado da nação

Dizem-me que eu não compreendo (várias coisas) e é capaz de ser verdade. Não compreendo e (muitas vezes) não aceito o deixar para trás, o deixar passar o tempo e o deixar de investir. Na ressaca destes dias na terrinha: tudo na mesma. Faz sol, faz-se ponte e o feriado que não era para ser está enraizado. Há gente (a mais) à beira-rio, há dificuldades (as do costume) para marcar jantares nos sítios que “estão a dar”. Vê-se gente gira, bem vestida e arranjada, com expressões animadas e a querer saber da vida do vizinho – como alguém me dizia, a crise é sustentada, quando as pessoas deixam de se imiscuir na vida do vizinho, e isso não se nota… (pelo menos em Lisboa, digo eu)
Na tertúlia dos meus, forma-se a corrente de opinião de que o novo rumo tem pouca força, muita forca e que no final voltaremos ao estágio inicial, endividados e sem um sentido para além do que faz o dia-a-dia, com a diferença de que entretanto muitos fugiram ao destino – como tu… Eu defendo-me, não fugi, convidaram-me para ir para fora, antes do tempo. Se cá estivesse (é sempre fácil começar uma ideia assim), apostava a sério no futuro plausível: sol, praia, boa comida e serviços geriátricos. Eu sei que lhes faz impressão, mas o momento (o último) é mesmo de mudar o paradigma, a sociedade a que estávamos habituados devia deixar cair o modelo do crescimento e empenhar-se (emprenhar-se) no da qualidade de vida, sabendo que esta se vai prolongando à medida que vamos evoluindo. É que quem não tem população em multiplicação pode encontrar uma nova fonte de equilíbrio, menos imediata é certo, mas com mais charme.

Os dias do sol e frio

Um jantar e um almoço a ouvir histórias da Índia. Um lanche importunado pelas crianças mascaradas dos amigos. Um jantar intimista com recordações dos tempos da adolescência que, obviamente, terminou nas considerações sobre a crise. Um almoço em torno do “el dorado”. Um jantar tranquilo a desvelar a natureza dos amores perdidos pelos romancistas contemporâneos. Um almoço junto ao rio. Um lanche à vista da cidade. E mais um jantar com “repeat” das experiências da Índia, para público novo.
Restam-me mais alguns dias de fuga à chuva (tropical) e estou a ficar realmente gordo.